Sim, a Missa
é uma festa, mas não como as festas deste mundo, com muitos comes e bebes,
música e dança – ela pode ter tudo isso, mas de maneira diferente. Não é a
Comunidade dos filhos de Deus que faz a festa, mas é o próprio Deus que a
promove e a ela convida todos os seus filhos. Nem todos aceitam.
“A quem tem
sede, darei água para beber, de graça, da fonte da água da vida” (Ap 21, 6).
“Aquele que
tem sede, venha, e quem quiser receber de graça da água da vida” (Ap 22, 17).
“Se alguém
tem sede, venha a mim e beba. Como dizem as Escrituras Sagradas: rios de água
viva vão jorrar do coração de quem crê em mim” (Jo 7, 37).
“O Reino do
Céu é como um rei que preparou uma festa de casamento para seu filho.”
A Missa é
uma festa preparada por Deus para a Comunidade de fiéis; afinal de contas, o
pão com que somos alimentados é o pão da Palavra, fornecido por Deus, e
sobretudo o Pão vivo descido do céu, Jesus Cristo.
Portanto,
devemos nos aproximar da Santa Missa com humildade, como convidados, porque a
refeição é um banquete real. Somos indignos de participar desta festa; Deus,
porém, não quer que fixemos demais a atenção em nossas fraquezas. Ele nos
chama, convida, insiste para que vamos a Ele. Uma coisa só Ele pede de nós e
nos dá condições para fazer: apresentar-nos à festa com traje de gala com o
qual fomos por Ele revestidos no dia do nosso Batismo, a veste nupcial da graça
santificante. Se por ventura pecamos e estamos com a veste suja, manchada,
antes de irmos à festa passemos pela lavanderia purificadora da confissão
sacramental. Ali, toda mancha desaparece quando sobre ela cai o detergente
poderoso do sangue de Jesus. Ele nos pede que nos demos ao pequeno mas humilde
trabalho de comparecer com ela, a veste manchada, para que Ele a lave no sangue
de seu Filho Jesus que jorra abundantemente no sacramento que Ele instituiu
para tal fim. A nós Ele pede as lágrimas de um arrependimento sincero que molha
as manchas, mas não tem a eficácia de removê-las. Só o sangue de Jesus tem
este poder.
Quando
saímos de uma boa confissão, sentimos que fomos purificados, sentimos
que estamos limpos e que a branca veste está brilhando de limpa. Assim, com
toda confiança e alegria, entramos na sala do banquete, a igreja, onde se
celebra a Santa Missa, para dela participar.
Deus não se
recusa receber nossos pobres presentes que colocamos junto com o grande
presente que Ele coloca em nossas mãos para lhe ofertar, Jesus. Assim, tudo o
que somos e temos e que também de Deus recebemos, tudo o que nos faz sofrer, nossas dores, tristezas, mas também o que nos faz exultar e alegrar, as obras de
misericórdia em favor de nossos semelhantes, adquirem algum valor e o Senhor as
valoriza ao máximo. Tudo isso, com Jesus, pode ser oferecido ao Pai, de modo
que podemos comparecer ao banquete levando algo como presente nosso. É a nossa
colaboração para a festa, simbolizada na oferta material que fazemos.
* * * * *
TUDO NA
MISSA deve convergir para o altar e para o que nele se realiza, e para quem
nele se faz presente. De maneira particular, os cantos têm esse condão. Quem
toca um instrumento e quem convida a comunidade presente a cantar, não pode
esquecer disso. Devem fazer todo o possível para que o povo, com o seu canto,
aproxime-se de Deus. Quando o canto for um solo, como por exemplo, o salmo,
deve ser de tal modo executado que eleve os espíritos, aproximando de Deus as
pessoas.
Ninguém deve
ter a pretensão ou a ousadia de chamar atenção para si mesmo: nem os cantores,
nem os leitores e muito menos o sacerdote celebrante. Todos devem seguir o
ditado expresso por S. João Batista: “É preciso que ele – Jesus- cresça, e eu
diminua.” (Jo 3, 30) Que Ele cresça e que eu desapareça.
A festa, a
refeição –banquete tem sobre a mesa iguarias – sinais aparentemente muito
simples, quais sejam, a Palavra de Deus lida com perfeição e ouvida com muita
atenção, o pão e o vinho transubstanciados no Corpo do Senhor, seu sangue, alma
e divindade, numa palavra: a Sua Pessoa.
Uma Missa
assim celebrada e participada muda a vida das pessoas e da comunidade por
consequência. Não podemos nos aproximar da mesa sagrada como se nada
devêssemos. É verdade, humilhamo-nos no ato penitencial, e no “Senhor eu não
sou digno”, tomando depois as atitudes de santos com todos os direitos.
“Ó
sacrum coinvivium in quo Christus súmitur, meus impletur gratia et futuras
gloriae nobis pignus datur” (Ó sagrado banquete no qual se recebe o Cristo, a
mente enche-se de graça e nos é dado o penhor da glória futura”).