Deus nos escolheu e nos constituiu continuadores de sua vida e de sua obra. Louvado seja Deus!

Total de visualizações de página

Mínimas e Máximas

Páginas

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Irmãos, não faleis mal uns dos outros (Tg 4, 11)

Falar mal de alguém parece coisa insignificante, corriqueira, todo mundo faz, mas...
se eu falo mal de alguém, verbalmente ou por outros meios;
se você fala mal de alguém;
se nós falamos mal de alguém,
esse alguém de quem falamos mal a outro alguém pode tomar uma dessas atitudes:
- concordar, apoiar e até divulgar o que ouviu.
- ficar em silêncio, censurando-o com o seu silêncio; o assunto morre ali, não passa adiante.
- corrigir o irmão que fala mal, corrigir na hora.
- vamos os dois até a pessoa objeto da difamação para certificar-nos da verdade na fonte.

No primeiro caso, estou fazendo o papel do diabo, levando a pessoa a concordar comigo, o que é pecado de escândalo. Eu peco e levo outro a pecar comigo. Escândalo é exatamente isto: levar uma pessoa ao pecado com palavras, comportamentos e modas inconvenientes.


Se o falatório, murmuração ou maledicência for divulgado, eu serei responsável também pelo pecado de todas as demais pessoas que se simpatizaram. É um pecado em série, e por todos estes pecados eu serei responsável perante Deus. Mesmo que eu me arrependa e procure o sacramento do perdão, o meu pecado só será perdoado se eu procurar cada uma das pessoas envolvidas, pedir perdão e pedir que, por sua vez, vá procurar o perdão de Deus no Sacramento da Confissão, e o mesmo faça ela, se levou mais alguém por este mau caminho.

Pode acontecer que a maledicência se espalhou de tal maneira que não se tem condições de reparar o mal. É como soltar as penas de um travesseiro do alto de um edifício em dia de grande ventania e depois descer para recolhê-las todas. Como vou reparar o pecado que, por minha culpa, muitas outras pessoas cometeram? Há alguma saída? - Há, sim. Pedir a Deus que abençoe e ilumine todas as pessoas atingidas pela maledicência da qual eu fui a fonte. Rezar por elas, fazer penitências e multiplicar as obras de caridade corporais e espirituais. Faça orações, sacrifícios e penitências para que Deus toque o coração dessas pessoas e também elas se reconciliem com Deus.

Divulgar os erros supostos ou reais dos outros é como cometer, em certo sentido, um homicídio; é ferir e até matar a pessoa em sua fama, obrigando-a até a mudar de lugar. O sétimo mandamento condena isso.

Desmoralizar, “revelar a má conduta, caráter ou intenção de alguém” é um pecado no qual, se a gente cai, o diabo fica feliz porque estaremos fazendo o seu trabalho. Ele aplaude. É isto que ele quer. Ele fica sentado de braços cruzados vendo feliz - de uma felicidade infernal - vendo você a fazer o trabalho dele.

Certa vez Jesus chamou o apóstolo Pedro de Satanás. Por quê? Em determinada ocasião falava Jesus a seus discípulos que precisava ir a Jerusalém e ali sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitar ao terceiro dia.

Ouvindo essas palavras, o apóstolo Pedro começou a dizer: “Senhor, Deus não permita isto! Isto não te acontecerá”. Pedro, sem saber, estava fazendo o papel do demônio, tentando Jesus, levando-o a não obedecer a Deus que o enviou ao mundo para salvar a humanidade, morrendo pregado na cruz. Sem este sacrifício de Jesus, o plano de Deus não se realizaria e Pedro, sem se dar conta, queria anular a decisão de Deus. Toda a vida de Jesus estava orientada para esta hora e aí Pedro, vendo Jesus entristecido e querendo animá-lo, lhe diz: “Senhor, Deus não permita isto! Isto não te acontecerá”. Jesus, voltando-se para ele, disse-lhe: “Os teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens; afasta-te, Satanás, tu és para mim um escândalo”, isto é, queres me levar ao pecado, queres que eu vá contra a vontade de Deus, não realizando o seu desejo, razão da minha vinda neste mundo.

Toda vez que escandalizamos alguém, estamos fazendo o papel de Satanás. É o escândalo ou pedra de tropeço: coloca-se uma pedra no caminho de uma pessoa para que ela tropece e caia.

Cometendo deliberadamente pecados veniais, a nossa amizade com Deus não é perfeita. Ora, existe amizade imperfeita? Ou ela é perfeita ou não é amizade.

Quando falamos bem dos outros, somos benditos.
Quando falamos mal dos outros, somos malditos.
O que é bendizer? É dizer bem.
O que é maldizer? É dizer mal.

O apóstolo Tiago diz-nos na sua carta (na sua comunidade devia haver muitos mexeriqueiros, bisbilhoteiros): “Se alguém julga que é religioso, não refreando a sua língua, mas seduzindo o seu coração, a sua religião é vã” (Tg 1, 26).

Logo adiante ele diz: “Se alguém não peca em palavras, este é um homem perfeito, capaz de suster com freio todo o corpo. Com efeito, quando pomos o freio na boca dos cavalos, para que nos obedeçam, também governamos todo o seu corpo” (Tg 3, 2-3).

Ele ainda insiste: “Vede também as naus, ainda que sejam grandes e se achem agitadas de ventos impetuosos, com um pequeno leme se voltam para onde quiser o impulso do que as governa. Assim também a língua é um pequeno membro, mas pode gloriar-se de grandes coisas. Vede como um pouco de fogo incendeia um grande bosque! Também a língua é um fogo, um mundo de iniquidade. A língua está entre os nossos membros e contamina todo o corpo e inflama todo o nosso viver, sendo ela mesma inflamada pelo inferno. Todas as espécies de alimárias se domam, porém a língua nenhum homem a pode domar; mal inquieto, cheia de veneno mortífero. Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens que foram feitos à semelhança de Deus. Da mesma boca procede a bênção e a maldição. Se alguém não peca em palavras, este é um homem perfeito” (Tg 3, 4-10).

O Papa Francisco recordou que uma vez, na diocese em que estava antes, ouviu um comentário interessante e belo. “Falava-se de uma idosa que por toda a vida tinha trabalhado na paróquia, e uma pessoa que a conhecia bem, disse: “Esta mulher nunca falou mal dos outros, nunca fofocou, sempre estava com um sorriso. Uma mulher assim pode ser canonizada amanhã”.

Em uma comunidade cristã, a divisão é um dos pecados mais graves, porque se torna sinal não da obra de Deus, mas da obra do diabo, que é, por definição, aquele que separa, que arruína as relações, que insinua preconceitos.

Deus, em vez disso, “quer que cresçamos na capacidade de nos acolhermos, de nos perdoarmos e de nos querermos bem, para nos assemelharmos sempre mais a Ele, que é comunhão e amor. Nisto está a santidade da Igreja: em reconhecer-se imagem de Deus, repleta da sua misericórdia e da sua graça” (Papa Francisco).

Nunca fale que a paróquia está dividida, porque você pode ser uma das pessoas que provoca essa divisão. Quem fala em divisão e nada faz pela união e comunhão é um irresponsável.


UMA HISTÓRIA

Um frade havia caído em pecado. O padre ordenou-lhe que se afastasse da Igreja. Então, Bessarião, o abade, levantou-se e saiu junto com o frade, dizendo: “Também eu sou pecador”.

E ainda:

O abade Isaque chegou certa vez a um mosteiro dos frades da Tebaida, viu um frade que havia cometido um pecado e pronunciou uma sentença contra ele. Tendo, logo depois, voltado ao deserto, veio o anjo do Senhor, parou diante da porta de sua cela e disse-lhe:
- Não o deixo entrar.
E Isaque:
- Por qual motivo?
Como resposta, o anjo lhe disse:
- Deus mandou-me perguntar-lhe aonde quer que ele mande aquele frade que você hoje expulsou.
Imediatamente o abade fez penitência, exclamando:
- Pequei, perdão!
E o anjo:
- Levante-se. Deus o perdoa, mas de hoje em diante seja vigilante e não julgue ninguém, antes que ele tenha sido julgado por Deus.
(Citado em “Evangelhos que incomodam” - Alexandre Fronzato)

A Missa de ontem - a Missa de hoje

Antigamente, isto é, antes do Concílio Vaticano II, a celebração da Santa Missa era em latim. A única coisa em língua vernácula era a leitura do Evangelho do dia que o celebrante proferia do púlpito antes da homilia, que o povo ouvia em pé. A primeira leitura e o Evangelho já tinham sido feitas, em latim. De fato, o sacerdote fazia as leituras para si.

Eram os tempos. Tudo parecia normal. Falava-se em assistir a missa, em vez de participar. A única coisa da qual o povo participava eram os cantos, a coleta e a comunhão.

Por outro lado, o respeito com que o povo participava da Missa era profundo. Os cantos eram executados por um grupo de cantores; sustentado por um harmônio, o povo acompanhava. Ouvia-se a voz do povo porque não havia microfones. O próprio sacerdote usava do púlpito, donde via toda a assembleia e esta o sacerdote, porque ficava a quase um metro de altura acima do assoalho. O povo, embora não sabendo muito bem o que acontecia no altar, voltava para sua casa reconfortado. Quanta gente se santificou com essas santas Missas.

Conta-nos Santa Teresinha do Menino Jesus, em sua autobiografia, que voltando para casa com seu pai depois de ter “assistido” a Missa, eles conversavam sobre o que disse o sacerdote no sermão. Havia as missas simples sem cantos, com cânticos, e as solenes nas grandes festas litúrgicas.

O povo acompanhava a celebração rezando o Terço e algumas pessoas, com o missal na mão, acompanhavam a tradução do latim enquanto a missa se desenvolvia. Talvez alguém possa até rir desse jeito de celebrar e participar “assistindo”. Alguns deles não sabiam ler. Notava-se, porém, que o povo voltava reconfortado para sua casa, sentindo o bem-estar que lhe causou a celebração. A sua fé era sincera na hospitalidade e na caridade.

E hoje, como é a celebração eucarística? Como o povo participa dela? Antes não entendiam nada porque a missa era em latim. Hoje é em nossa língua, mas parece que não entendem nada. Não se vê mudança para melhor, não se vê progresso. Como o povo participa dela? Escrevo como a vejo:

O povo vai chegando e parece que não reza mais. Alguns poucos vão até a Capela do Santíssimo, mas a maioria fica nos bancos esperando simplesmente a cerimônia começar. Outros chegam atrasados. Começa um murmúrio, murmúrio de conversas que nada tem a ver com a celebração, murmúrio que, às vezes, vai aumentando a ponto de se pensar que as pessoas vieram sim, assistir, e algumas delas a participar de uma representação teatral da última ceia, na qual são atores o sacerdote, os ministros, os coroinhas, comentaristas, leitores, cantores, instrumentistas e o povo também. Lembremos, a missa não é mais em latim.

Começa o canto de entrada com os músicos e seu dirigente, que procuram animar o povo a cantar, bater palmas e, em alguns lugares, até rebolar. Cantores com o microfone em punho encobrem a voz do povo que canta. Os leitores se esforçam por fazer bem as leituras, os ministros e coroinhas desempenham bem a sua função.

Chega a hora da Comunhão e praticamente todos vão recebê-la. Sabe-se que, para receber a Sagrada Comunhão, um dos requisitos é estar em estado de graça, isto é, sem pecados graves, aliás, o primeiro requisito. Percebe-se que certas pessoas recebem em sua mão o Pão Eucarístico com displicência, indiferença, como se a Comunhão não fosse outra coisa que receber a hóstia.

Talvez haja quem entenda o ato penitencial como pedido de perdão dos pecados e concessão total do perdão, porque o celebrante diz textualmente: “Deus todo-poderoso tenha compaixão de nós, perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna”. O pedido de perdão no ato penitencial é para aqueles pecados leves que diariamente cometemos mais por fraqueza do que conscientemente deliberados.

No fim da missa é aquele falatório na igreja e na sacristia: grupos de pessoas conversando alto e, às vezes, mais do que isso. Acabou a função, acabou o teatro, tecem-se elogios para os que desempenharam bem o seu papel: os cantos estavam bonitos, os instrumentos afinados, os coroinhas eram uma graça, a igreja estava bem enfeitada. Parabéns a todos os artistas. Os que comungaram, embora levem em si ainda a Presença Eucarística, ela é simplesmente esquecida, ignorada, tremenda falta de educação. Quase todos voltam para suas casas assim como vieram: vazios.

A igreja deixou de ser casa de oração, tornou-se casa de encontro entre amigos, como se estivessem numa rua ou numa praça; o povo continua ignorante na fé que diz ter; com facilidade pode resvalar para outra religião ou seita, mais ignorante do que antes.

Na missa em latim, a celebração era de fato um mistério; o povo acompanhava em silêncio profundo tudo o que se realizava no altar. Os coroinhas substituíam o povo nas respostas às saudações e convites do celebrante: “Introibo ad altere Dei... Dominus vobiscum... orate fratres... sursum corda...”. Os cantores cantavam cantos em latim, como a Ladainha de Nossa Senhora.  Os coroinhas aprendiam de cor tudo o que deviam fazer e dizer. Os coroinhas passavam por alguns dias de aprendizado, sendo-lhe dada a tradução dos textos que aprendiam de cor.

TODOS os que comungavam faziam a confissão antes. As confissões eram sempre nos sábados à tarde. No primeiro domingo do mês, a missa era das crianças que fizeram sua primeira comunhão aos 7-8 anos; o segundo domingo era o das Filhas de Maria; o terceiro, dos Marianos; o quarto ao Apostolado da Oração e outras associações menores.

Hoje, todo mundo comunga e praticamente ninguém se confessa. Dos sete sacramentos da Igreja, dois praticamente caíram em desuso: a Confissão e o Matrimônio. A instrução dos católicos é tão falha que a maioria dos anciãos e doentes morre sem receber os sacramentos. Não se diga que a responsabilidade é dos padres, que procuram fazer a sua parte. Quem deve catequizar e evangelizar a família são os pais; quem deve ser o bom fermento na massa do mundo são os cristãos com o seu testemunho de vida. A maioria das crianças que faz a Primeira Comunhão e depois a Crisma, simplesmente desaparece da igreja e os pais não fazem muita questão.


A maioria do povo hoje é alfabetizada; se não fez o curso superior, pelo menos o fundamental. Tem, portanto, condições de ler a Bíblia e de conhecer melhor a religião. Parece que isso não acontece, a ponto de o Papa Bento XVI dizer: “A ignorância do povo cristão chegou a um grau espantoso”. Tenho saudade da Missa em latim.
______________________________