O Jubileu Áureo de Sacerdócio de Monsenhor Estanislau Polakowski.
Stanislaw significa “glória do exército”. É uma glória para o exército de Cristo, a sua Igreja, celebrar os 50 anos de Ordenação Presbiteral de Monsenhor Estanislau Polakowski.
“Polaco entre os polacos”, nasceu aos 15 de outubro de 1933, na Colônia Murici, em São José dos Pinhais. Mas, sua linhagem não veio exatamente dali. Seus pais partiram da Colônia Orleans, arrabaldes de Curitiba. Por já haver alfaiate na Colônia de origem, seu pai, Sr José Polakowski, migrou para a Colônia Murici e lá ficou até mudar-se para o centro do Município, onde cresceram os filhos mais novos. Todavia, mantinham uma chácara próxima da cidade, onde lidavam na roça com a mãe, Sra. Helena Falarz, mulher letrada e filha de um grande professor (João Falarz). Entre os irmãos, uma foi religiosa (Irmã Eugênia, enfermeira afamada) da Congregação das “Irmãs Francesas” de São José de Chambéry. Aliás, a família Falarz forneceu à Igreja notáveis vocações: o santo sacerdote Padre José Falarz, que ao falecer implorou aos céus mais padres entre os seus, vendo do paraíso os irmãos Monsenhor Boleslau Falarz e Monsenhor Henrique Osvaldo Falarz distinguirem-se como veneráveis sacerdotes. Os anteriores agora abençoam o jubilando Monsenhor Estanislau Polakowski e seu primo Padre Aurélio Falarz, que por ora completam esta “família levítica” na terra.
Algo que caracteriza Monsenhor Estanislau é sua humildade, seu santo silêncio e sua vida de oração. Homem de Fé, recentemente recebeu como presente dos céus algo que considera um MILAGRE DE NOSSA SENHORA. Durante a visita de Nossa Senhora do Rocio à sua Paróquia, suplicou a ela que pudesse “ver melhor”, uma vez que há anos tem problemas de visão a ponto de ter que usar, com freqüência, uma lupa. Pediu e Recebeu! No dia seguinte, anunciaram-lhe que poderia ir fazer o transplante de córnea, esperado há tempos. Agora, entre risos e aplausos celebra seu jubileu com um “novo olhar” sob as lentes de uma fé mais viva na intercessão da Virgem Maria, sua gloriosa protetora.
Lançando os olhos para o passado, pode-se perceber a dedicação e o amor deste zeloso sacerdote, que desde cedo traz no coração o desejo ardoroso de unir-se cada vez mais a Deus no Seguimento de Jesus Cristo. Sua vocação brotou no seio de uma nobre família polonesa de vida cristã exemplar, onde reinavam fé e simplicidade, com seus membros aurindo forças na recitação frequente do rosário em comum. E mais, a participação na vida da comunidade, especialmente como coroinha, aliada ao testemunho dos tios sacerdotes, o fez ingressar, aos 5 dias de fevereiro de 1947, com 13 anos de idade, no Seminário São José. Este funcionava à Avenida Jaime Reis (atual Cúria Metropolitana) e cooperou muito para os felizes anos de sua vida de adolescente. Aprimorou os dotes musicais, intelectuais e sobretudo espirituais. Mesmo com saudades da “broa com banha”, cresceu como homem e cristão, passando depois ao Seminário Central do Ipiranga para os Estudos de Filosofia e Teologia. Começou no Brasil os estudos teológicos, mas, como conta, “teve a graça” de ser chamado pelo então arcebispo Dom Manuel da Silveira D’Elboux para estudar em Roma. Viajou de navio e chegou à Cidade Eterna para viver no Pontifício Colégio Pio Brasileiro, obtendo a Licenciatura em Sagrada Teologia completados os estudos na famosa Universidade Gregoriana.
Um revés em sua vida foi a perda do pai, por culpa do câncer, quando de sua estadia em Roma. Contudo, a fé e a coragem próprias, aliadas à oração, especialmente sob a generosa intercessão de sua terna mãe Helena na terra e da Virgem Maria no Céu, não impediram que completasse os estudos, recebendo a Sagrada Ordenação em 1960.
Interessante é sua história próxima ao sacerdócio:“Preferi primeiro terminar os estudos, até porque nunca gostei de muita aglomeração. Assim, ordenei-me de modo simples e silencioso, como era na época. Foi aos 3 de julho de 1960, na Capela da Casa dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. O ordenante foi Dom Inácio João Del Monte, que lá estava para ordenar alguns padres de sua diocese, e eu entrei no meio. Celebrei a primeira missa num altar lateral da Igreja de “Santo Andrea Al Quirinale”, onde se encontra o corpo de Santo Estanislau Kotska. De volta ao Brasil, imaginava que ia ajudar meu tio, Monsenhor Henrique (o grande pároco da Lapa). Cheguei a comprar tudo em tamanho pequeno (Missal, galhetas e afins) para carregar rumo ao interior. Qual não foi minha surpresa, quando Dom Manuel da Silveira D’Elboux me chama, mandando-me trabalhar na Catedral. Lá fiquei por pouco mais de um ano, ajudando o Monsenhor Isidoro Mickosz. Depois, fui chamado para a primeira equipe de padres diocesanos que assumiu o Seminário Menor São José em Orleans. Ali passei os meus verdes anos de sacerdócio. Fico feliz por ter cooperado na formação de padres, bispos, arcebispos e até um cardeal. Também vejo que muitos ex-seminaristas hoje são boas pessoas para a sociedade e para a Igreja, e isso deixa a gente muito feliz.”
Como formador no Seminário São José, foi o responsável pelos menores. Louvável foi sua responsabilidade pela Obra das Vocações Sacerdotais da Arquidiocese, preparando muitos meninos para o Seminário. Há um orgulho recíproco entre os que com ele conviveram. Consideram-no um mestre, um pai, que segundo palavras ouvidas no Cinquentenário do Seminário São José em Orleans, na homilia do Cardeal Odilo Scherer “tocava nas cabeças e incentivava, encorajando a seguir em frente!”
Além de ter cooperado na Formação de Padres, Bispos e Bons Cristãos para a Igreja, Monsenhor Estanislau foi o segundo pároco da Paróquia Santa Luzia (e São Nicolau) na região do Barigui. Ali teve a oportunidade de visitar todas as famílias e desenvolver uma boa comunidade, antes de ser transferido para o Santuário Nossa Senhora de Fátima do Tarumã, com a grande incumbência de “terminar os ossuários para os mortos e manter viva a chama da fé para os vivos”.
Lembro-me da chegada de Monsenhor Estanislau ao Tarumã. Minha infância foi marcada pela observação de seus gestos na Missa. Rezava-se o Pai Nosso e eu, primeiro lá no banco e depois como coroinha, continuava – igual a ele - com as mãos levantadas até o Amém Final, como o padre deve ficar... Em sua face terna que levantava a hóstia e o cálice, em seu sorriso cândido ao traçar o sinal da cruz na Primeira Confissão, o Espírito Santo me fez querer ser padre. Quantas vezes o ouvi pronunciar com fé as palavras da Consagração... Jamais me esquecerei do dia em que, após a Via Sacra, estando gripado, me disse (brincando, mas eu levei a sério): “estou mal, um dia vou morrer, alguém tem que ficar no meu lugar!” Pois é, “aqui estou porque me chamaste!” Ecce ego quia vocasti me (I Samuel 3, 8). Como o jovem profeta Samuel estava no Santuário com o sacerdote Eli, assim também fui preparado em minha missão. E Deus se valeu de Monsenhor Estanislau para chamar um coroinha ao sacerdócio. Muito obrigado digo hoje, entre risos e aplausos, como aqueles que arranquei do clero em um fim de retiro em 2003, ao dizer: “Monsenhor Estanislau para mim é como Santo Ambrósio para Santo Agostinho”. Alguns afirmariam: “como Paulo para Timóteo”, mas no momento prefiro dizer: “como Estanislau para Fabiano”.
Desejo que todos possam ter um pároco como Monsenhor Estanislau, a quem digo, entre risos e aplausos: Parabéns!
(Padre Fabiano Dias Pinto); Reitor do Seminário São José da Arquidiocese de Curitiba.
Nenhum comentário:
Postar um comentário