Todo mundo sabe o que significa
“acolher”: receber com atenção uma ou mais pessoas, atender, ter em
consideração, recepcionar.
Onde começa o acolhimento? – Com a
própria pessoa. Cada pessoa precisa acolher-se, isto é, aceitar-se como é. Para
tanto, precisa conhecer-se. Conhecer seu gênio, seu caráter, seu temperamento,
seus talentos, suas virtudes, enfim, suas qualidades físicas, morais,
artísticas, de inteligência, de vontade, seus sentimentos, suas reações, suas potencialidades,
e também suas falhas e defeitos, umas para desenvolver e praticar, outras para
corrigir ou extirpar.
Compete aos pais e educadores
descobrir na criança, no menino e na menina as suas qualidades e seus defeitos
e, de maneira adequada, torná-los conscientes dos valores que possuem, a maneia
certa de usá-los para o seu aperfeiçoamento. A pessoa se realiza usando seus carismas
em favor dos outros, valores inesgotáveis que possui. Só o egoísmo faz a fonte
secar. É no amor ao próximo e no serviço a ele que a pessoa se realiza.
Portanto, antes de ser acolhida
pelos outros (aliás, ela já foi acolhida ao nascer e espera-se que tenha sido
bem acolhida), a pessoa precisa acolher-SE. Este acolhimento facilitará os outros
que virão ao longo de sua vida.
O primeiro acolhimento interpessoal se
dá na família. Marido e mulher, pais e filhos devem acolher-se para
constituírem uma família feliz. A família é a primeira escola para os filhos e
mais uma escola para os pais. Não apenas os filhos aprendem dos pais, como os
pais aprendem dos filhos. Uns e outros precisam aprender a ouvir, a corrigir e
serem corrigidos.
Um lar pode ser simples, mas sempre
deve ser acolhedor e são os familiares que o fazem assim e assim devem mantê-lo
para que todos se sintam bem.
Depois vem o acolhimento entre os
vizinhos. Uma saudação, um sorriso, um aceno de mão são o suficiente para um
acolhimento inicial. Depois uma palavra, uma ajuda, um convite no momento
oportuno. Mesmo se não houver correspondência, aquele mínimo de acolhida deve
persistir. “Acolhei-vos uns aos outros como Cristo vos escolheu” (Rom. 15,7). O
Acolhimento faz parte da vida do verdadeiro cristão.
Como seria bom que houvesse alguém,
pelo menos duas pessoas que aumentassem o círculo da acolhida, fazendo-a passar
dos vizinhos para as familias da quadra inteira. Todos, em determinados
momentos, precisamos uns dos outros. É bom que haja essa amizade discreta entre
todos, com os olhos abertos para ver quando alguém precisa de uma ajuda.
Isto feito, não haverá dificuldade
de todos sentirem-se bem na Igreja, quando em domingos e outros dias festivos
se reunirem. Não haverá necessidade de muitas mesuras, porque ali todos se
sentirão irmãos, membros da grande família de Deus, onde todos rezam: Pai nosso
que estais no céu... e aqui entre nós também.
Para que a boa acolhida aconteça em
todas as instâncias é necessário banir as fofocas e os juízos temerários e
fazer uso da correção fraterna individual da qual todos precisamos, porque
ninguém é perfeito, correção feita com toda caridade e humildade. “Não façais
nada com espírito de rivalidade ou de vanglória; ao contrário, cada um
considere com humildade os outros superiores a si mesmo, não visando ao próprio
interesse, mas ao dos outros” (Filip. 2,3).
“Caríssimo, pratica obras de fé em
tudo o que realizas para teus irmãos” (3Jo.8).
O valor de uma pessoa consiste em ela
ser um ser humano, independentemente da raça, cor, religião, cultura,
qualidades ou vícios que possa ter.
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