Em síntese: A missa e a Comunhão
Eucarística são o ápice de todo o culto cristão e a fonte de todas as bênçãos.
Por isto a Eucaristia há de ser sempre recebida em estado de graça, não sendo
lícito aos fiéis comungar em pecado grave, mesmo que tenham o propósito de se
confessar na primeira oportunidade. O fato de alguém acompanhar uma família em
festa ou em luto durante a Santa Missa não justifica a recepção da Sagrada Comunhão
por parte de quem esteja em pecado grave.
Em nossos dias é grande o número de
pessoas que se aproxima da mesa da Comunhão Eucarística sem ter clara noção do
que seja ou também sem preencher as condições necessárias para a dignidade do
ato. Os pastores do povo de Deus têm-se preocupado com o fato. O Arcebispo de
Sens (França), Mons. Gérard Dufois, publicou a respeito valioso artigo, que
reproduzimos a seguir em tradução portuguesa, julgando que será útil também aos
leitores do Brasil. (Dom Estevão
Bittencourt )
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“Há quem me chame a atenção para
quanto é duro não ir comungar quando toda a assembléia dos participantes da Missa
se dirige em fila para a mesa eucarística. Com efeito, no inicio do século XX
as pessoas comungavam raramente (muitos católicos o faziam apenas uma vez por
ano); em meados do século XX o jejum eucarístico e a absoluta necessidade de se
ter confessado previamente detinham a maioria dos fiéis no momento da Comunhão.
Hoje, porém, muitos têm a impressão de serem anormais se não acompanham os seus
vizinhos de banco na igreja, indo com eles até a mesa eucarística... Em
numerosos casos, o sentimento de convivência leva a ir receber o Corpo de
Cristo. Penso em jovens não praticantes que, por ocasião do enterro de um
amigo, vão em massa comungar. Sem preparação e sem ter a consciência do
significado profundo da Eucaristia. Isto pode reconfortar, de um lado, é certo.
Mas há aí um problema.
Sinto um mal-estar quando crianças,
deixadas sem orientação durante a Missa, vão comungar levianamente e voltam ao
seu lugar tagarelando com os colegas. Ou quando adultos me apresentam um
recipiente plástico para receber a hóstia consagrada que eles levarão a um
enfermo ou a uma pessoa idosa. Colocam-na numa sacola de mão, juntamente com
mantimentos comprados e outros objetos.
Por certo, não menosprezo a
graça da Eucaristia nem o fato de que a Comunhão dos participantes da Missa,
hoje melhor do que ontem, exprime o pleno significado da sua celebração. Vivida
na interioridade de uma profunda caminhada espiritual, ela é, para o povo de
Deus, o Pão da Nova Aliança. E isto constrói a Igreja na unidade e na caridade.
Mas existem formas visíveis de respeito que favorecem a oração; a falta destas
formas pode banalizar a Comunhão, tornando-a um costume superficial, sem consciência do dom de Deus à
sua Igreja ou sem consciência deste ápice da vida sacramental.
A comunhão não é um ato de simples
convivência ou solidariedade, um símbolo de amizade ou de fraternidade; ela nos
faz voltar à fonte do amor, da qual freqüentemente nos afastam nossos
sentimentos de rancor, tristeza e violência.
A Comunhão não é um rito de
conveniência social ou um ato rotineiro; ela é em nós semente de vida e
encontro com Deus. Sim, digo... com Deus em Jesus Cristo. Como não estaríamos
maravilhados por causa deste insondável mistério da presença de Deus em nós,
para a salvação de todos?”.
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JESUS ESTÁ PRESENTE ENTRE NÓS sob as
espécies do pão e do vinho na celebração eucarística, e sob as espécies do pão
consagrado conservado com amor e carinho em nossos sacrários. Mas ele está
presente também nos seres humanos. Não disse ele: “Tudo que fizerdes ao menor
dos meus irmãos, é a mim que o fazeis?” Portanto os outros, sejam quem forem e
o que forem, são também espécies sacramentais da presença de Jesus. Como no pão
e no vinho consagrados, também neles vemos as aparências mais diversificadas,
mas, debaixo delas está o Senhor. Devemos dedicar-lhes todo respeito e
veneração.
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