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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Homilia - Considerações em torno do Ano da Fé.

A existência de Deus não precisa ser revelada e muito menos declarada pela Igreja como dogma de fé. É uma verdade que se impõe por si mesma. Todos os povos acreditaram e acreditam na existência de um ser superior que recompensa o bem mas não pode recompensar o mal, Deus, que criou o mundo ordenado e bom, Deus que mantém e sustenta a criação, Deus que é providência apesar do escândalo do mal (CIC 399s). Este Deus não é alguém distante, inacessível. É alguém que está no meio de nós, que ouve os nossos hinos e orações e as nossas súplicas, que dá também atenção aos nossos pedidos. É natural que lhe prestemos nosso culto de adoração. 
Este Deus que criou o céu e a terra e tudo o que nele existe, é o criador dos seres humanos, é um amigo que conversava com os nossos progenitores e, depois do pecado, revelou-se à humanidade na pessoa de Abraão, a quem prometeu descendência tão numerosa como as estrelas do céu e a areia na praia do mar, descendência da qual nasceria o Salvador. É um Deus que, aos poucos, foi revelando aos homens a sua intimidade, fazendo conhecer que ele não é um Deus solítário, mas uma família. Deus se revelou, sobretudo, em Jesus Cristo, de quem ele afirmou: "Eis o meu Filho muito amado, em quem pus toda a minha afeição. Escutai o que ele diz" (Mt 17,5). E o próprio Jesus vai mais além na revelação da intimidade divina, prometendo enviar aos seus apóstolos o "Espírito da Verdade que procede do Pai" (Jo 15, 26), a terceira pessoa da família divina. Três pessoas, porém um só Deus - é o mistério da Santíssima Trindade. Deus faz revelações que estão acima da nossa capacidade de entendimento e nos diz que quer que façamos parte da sua família desde agora e, depois, pela eternidade a fora, na visão "face a face" (1Jo 3, 2). Este Deus pede que acreditemos nele, que demos fé à sua palavra escrita na Bíblia sob sua inspiração. Ele pede de nós um ato de fé, que é um assentimento livre da vontade em tudo o que ele nos revelou e que está acima da nossa compreensão. A fé é um ato racional. Mesmo sem termos a compreensão total, nós acreditamos firmados na pessoa que nos fala, que não se engana e não quer enganar. A capacidade intelectual de uma criança é diminuta, mas ela acredita no que dizem seus pais que, por sua vez, devem ser verdadeiros para com ela, para que, quando crescer, possa dizer: Valeu a pena acreditar em meus pais. -  "A fé é uma adesão pessoal do homem, é o assentimento livre a toda a verdade que Deus revelou" (CIC 150). -  "A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê" (Hb 11,1). O apóstolo Tiago diz que "a fé, se não tiver boas obras, é morta em si mesma" (Tg 2, 17). Seremos julgados um dia não pela fé, mas pelas obras que manifestaram a nossa fé: "Tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de  beber, estava doente e me visitastes...Todas as vezes que fizestes isso, foi a mim mesmo que o fizestes" (Mt 25,40). 
-  "O justo viverá pela fé" (Rm 1, 17), e em Habacuc 2, 4: "Eis que sucumbe o que não tem a alma íntegra, mas o justo vive por sua fidelidade". É pela nossa vida pessoal que podemos avaliar o valor da nossa fé: 
- Se temos fé, veremos no outro a pessoa de Jesus, a quem devemos ajudar quando precisa, a quem devemos corrigir com amor e a quem devemos tolerar, suportar quando não há outro jeito. 
-  Consentir no pecado e viver com ele é uma falta de fé. 
-  Conhecer os Mandamentos e não observá-los é falta de fé. 
-  Não se interessar em conhecer a religião e a Igreja "para estarmos sempre prontos a responder a todo aquele que nos pedir a razão de nossa esperança, e fazê-lo com suavidade e respeito"(1Pd 3, 15) é falta de fé. 
- Colocar os nossos interesses acima dos interesses de Deus é falta de fé. 
- Conhecer os ensinamentos de Jesus contidos nos santos Evangelhos e não praticá-los, é falta de fé. 
- Como fazemos a nossa oração? Como participamos da Santa Missa? Como nos comportamos no recinto da Igreja? Está presente aí a nossa fé? As nossas orações são sinceras? Costuma-se dizer que quem canta reza duas vezes. Prestamos atenção à letra dos cantos? Fazemos o que dizemos, e damos a Deus o que ele nos pede? Será que sobra um pouco de fé em nossa vida? Tal fé poderá nos salvar? 
- Cada um de nós pode e deve fazer um bom exame de consciência para ver se não estamos na ilusão de que temos fé. A fé em Deus é a base da salvação e também da esperança na realização das promessas divinas em nosso favor. A fé se manifesta na caridade, não como mera filantropia ou interesse pessoal, mas como amor sincero, despretensioso, total.
Como apóstolos, assim também nós devemos pedir: "Senhor, aumenta a nossa fé!"  
(Lc 17, 5).

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