Nós, católicos elevamos a Deus preces pelos nossos mortos, por aqueles que a Igreja chama de "fiéis defuntos". A palavra "defunto, de origem latina, significa pessoa que cumpriu a sua função, a sua missão. Em português, a palavra "defunção" significa falecimento, óbito, mas o sentido primeiro da palavra latina "defunctio" significa ação de se desempenhar, de satisfazer aos seus deveres (Dic. Saraiva). Portanto, defunta é a pessoa que, ao morrer, cumpriu a sua missão aqui na terra. Os que morrem, deixam neste mundo o seu corpo que por natureza é mortal, e voltam para Deus que os criou. Não somos o nosso corpo, que nasce, cresce, envelhece e morre. Mas o corpo é nosso, ele nos pertence, por ele somos identificados. Deve ser respeitado, cuidade com zelo para que se mantenha saudável, porque ele é também um instrumento de trabalho, evitando tudo o que ponha em perigo sua integridade. A Bíblia nos ensina que o nosso corpo é Templo do Espírito Santo que está em nós e nos foi dado por Deus. (1Cor. 6, 19-20). Jesus prometeu ressuscitá-lo no último dia para participar da vida eterna, com a condição de que nele acreditemos, acolhendo com amor os seus ensinamentos.
O destino do homem após a morte é ou a salvação eterna ou a eterna condenação. Deus quer a salvação de todos, mas nem todos aceitam a salvação de Deus. Uma característica essencial do ser humano é que ele é livre e pode tomar atitudes perigosas, arriscadas. É verdade que é Deus que julga as intenções dos corações, e o seu juízo é sempre bondade, misericórdia, perdão. Deus não despreza um coração arrependido. (Sl. 50-5,19).
Mas há um lugar intermediário, provisório, ao qual chamamos de lugar de purificação. O amor da criatura por seu Criador manifesta-se sempre em "fazer a sua vontade". Pessoas que morrem neste estado terão a vida eterna porque amaram a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, mesmo que anteriormente tenham sido grandes pecadoras.
Pessoas há que amam a Deus, mas, com um amor que não é puro, porque às vezes se apresenta como egoísta. Tais pessoas estão salvas, mas como não estão totalmente purificadas, e morrem neste estado, precisam limpar-se de seus egoísmos para poderem entrar na visão de Deus, que as tornará eternamente felizes. Nesse trabalho de purificação podem valer as súplicas da Igreja na terra, as orações e boas obras de caridade de seus fiéis.
Todo bem que faz uma pessoa que ama a Deus tem o seu valor e o seu merecimento; o mérito das boas obras praticadas com reta intenção pode ser atribuído às pessoas que estão no purgatório e abreviar-lhes o tempo de espera para entrar na glória de Deus.
Todos os anos, no dia dois de Novembro, a Igreja Católica quer lembrar aos seus fiéis esta caridade por seus irmãos falecidos.
Diz-nos a Bíblia que Judas Macabeu saiu vitorioso numa guerra contra Górgias, combate no qual morreram alguns de seus soldados. Então ele fez uma coleta que rendeu cerca de duas mil moedas de prata, que foram enviadas a Jerusalém para que no templo se oferecesse um sacrifício pelos mortos e assim "fossem absolvidos de seus pecados". Puseram-se também em oração suplicando a Deus que os pecados dos mortos em combate fossem cancelados (2 Mc 12, 32-45).
Numa parábola, Jesus pede que todos se reconciliem com quem ofenderam enquanto estão a caminho nesta vida. Do contrário, se morrerem sem reconciliação, serão condenados pelo juíz e colocados na prisão até pagarem o último centavo. Para tais pessoas há salvação, mas terão que pagar pelo seu pecado já que em vida não aceitaram pedir perdão.
O apóstolo Paulo, na primeira Carta aos Coríntios 3, 13.15, escreveu: "No dia do julgamento a obra ficará conhecida, pois o julgamento vai ser através do fogo, e o fogo provará o que vale a obra de cada um. Aquele que tiver sua obra queimada, perderá a recompensa. Entretanto se salvará, mas como alguém que escapa de um incêndio. O purgatório não é diretamente considerado aqui, mas este texto, juntamente com outros, serviu de base à explicação de tal doutrina da Igreja". (Bíblia de Jerusalém).
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