É conhecida a história do profeta Jonas chamado por Deus para os ninivitas alertar de seus caminhos maus e injustiças.
Jonas,
porém, não aceita a missão e foge preferindo que se condenem os
ninivitas porque achava não serem dignos da condescendência divina
aqueles que um dia os perseguiram e maltrataram, além disso eram pagãos.
Mas
Deus não quer a morte do pecador e sim a sua conversão. Não quer que
ninguém morra, mas todos tenham vida e vida em plenitude que Ele veio
trazer em Jesus Cristo, nosso Salvador. Para que dos maus caminhos se
afastassem os ninivitas, Jonas foi escolhido por Deus como seu profeta
para alertá-los de seu próximo fim. Se não houvesse conversão, o castigo
viria e Nínive seria destruída dando-lhes um prazo de quarenta dias.
Jonas
apressadamente como que a fugir de Deus pensando que isto era possível e
Deus não o encontraria em alto mar, desceu até o porto de Jope, pagou a
passagem e embarcou em navio que zarpava para Tarsis. Seguro de si e
longe de seu perseguidor, Jonas desce ao fundo do navio e cansado,
adormece em sono profundo, tanto que em sobrevindo furiosa tempestade
Jonas entretanto nem se mexe. O comandante do navio manda jogar ao mar
toda sua carga para o peso aliviar. Os marinheiros desesperados clamam
aos seus deuses e a borrasca não dá sinais de parar. Havia, entretanto,
ainda, um lastro inútil no navio que era necessário às águas atirar e
que em meio a tanto barulho foi necessário acordar Jonas que dormia em
sono profundo. O comandante sacode-o e uma vez desperto lhe pergunta:
Como
pode dormir em meio a tanto barulho? Vamos! levanta-te! e invoca os
teus deuses, talvez eles te atendam porque os nossos tem-se mostrado
impotentes para a fúria do mar dominar. Jonas rezou? Pediu ao seu Deus
que acalmasse o mar? A Bíblia não o diz. Como é que Jonas poderia
invocar o seu Deus se dele fugia? Mas, Deus foi atrás dele que se
recusava e como palavras não o convenciam passou às vias de fato:
Mandou-lhe um sinal para lhe mostrar que não estava brincando e uma nova
recusa poderia lhe ser fatal como presente sinal já lhe parecia. Na
verdade Jonas preferia morrer a ser o profeta de Deus junto ao povo de
Nínive. Era realmente cabeça-dura como todo Israelita naquele momento
histórico, ferrenho nacionalista até a raíz dos cabelos. Para fugir de
Deus, para não pregar a vonversão aos ninivitas, Jonas estava disposto a
tudo, até a morrer. Eles não mereciam o perdão de Deus, assim pensava.
Enquanto isso, os marinheiros resolveram tirar a sorte para descobrir
quem era o culpado daquela tormenta igual à qual jamais viram. A sorte
caiu sôbre Jonas e então lhe pediram explicações como responsável
causador daquela grande tempestade:
-Quem és? Donde vens? Qual é o teu povo? Qual a tua profissão? Para onde vais? Com que finalidade?
Acuado, sem ter como mentir ele diz a verdade:
-Sou hebreu e adoro o Senhor Deus que fez o céu, a terra, o mar. Eu sou
o culpado de toda esta desgraça porque me recusei de ouvir a sua voz
para ser o seu profeta junto de Nínive, e estou fugindo dele. Percebo
que ele me alcançou e me mandou este terrível sinal que põe em perigo
não só a minha vida, mas a de todos vocês também. Percebo que de Deus
nem eu nem ninguém pode fugir porque Ele é onipresente e sobranceiro a
toda vicissitude. Os marinheiros ficaram apavorados com ele:
-Como é que você teve coragem de proceder assim? E agora, o que é que
vamos fazer? O que é que você vai fazer para que o mar se acalme, pois
ele se enfurece cada vez mais?
-Joguem-me no mar, disse-lhes Jonas e a bonança virá porque o culpado de toda essa tragédia sou eu.
Por
que "joguem-me no mar"? Por que não se atirou ele ao mar? Atirar-se
Jonas ao mar poderia parecer suicídio desesperado e condenado. Seria
assim uma espécie de vingança de Deus que Jonas não lhe dava outra
alternativa. Humanamente falando atirar-se ao mar sobretudo naquelas
condições era atirar-se para a morte. Joguem-me no mar, disse Jonas aos
marujos, é melhor que morra um homem para que os outros se salvem. Foi o
que fizeram. Pegaram-no pelas mãos e pelos pés e um, dois, três lá se
foi Jonas desaparecendo sob as águas que envolvendo como túmulo o seu
corpo de enfurecidas que estavam, começaram a pouco e pouco se acalmar e
uma tranquilidade misteriosa começou a reinar. A
tripulação percebeu e foi tomada de profundo sentimento de terror para
com o Deus de Jonas, oferecendo-lhe um sacrifício e fazendo promessas.
Um grande peixe abocanhou o profeta fujão e em seu interior Jonas
permaneceu três dias. Lá dentro ele rezou não sabendo o que dali pra
frente lhe aconteceria. Em vez de uma oração de arrependimento e pedido
de perdão, a sua oração foi de esperança e louvor em ação de graças:
"Em
minha aflição invoquei o Senhor, clamei por ele da morada dos mortos.
Ele me lançou ao abismo das águas. Estou rejeitado pelo Senhor. Será que
poderei ver seu santo templo? Quando estava para desfalecer, pensei no
Senhor, minha oração chegou até ele. Se ele me salvar, oferecer-lhe-ei
um sacrifício com cânticos de louvores e cumprirei a promessa que agora
faço. Do Senhor vem a salvação, nele eu confio". Obediente à voz de Deus, o grande peixe assim como engoliu o profeta, assim também o vomitou na praia de Nínive. Jonas
entretanto ainda teimava. Se o Senhor insistir em me mandar, eu irei,
mas será inútil, tempo perdido, esse povo não vai se converter, aliás,
não podem nem deve, eles tem os seus deuses, que os adorem. Nós temos o
nosso Deus que é só nosso. Calmamente o Senhor falou à Jonas:
-"Jonas, vai a Nínive e passa-lhes a mensagem que você já sabe".
Resmungando
e a contragosto ele foi. Nínive era uma cidade muito grande, eram
necessários uns três dias para percorrê-la. Jonas foi e começou a gritar
pelas ruas de maneira displicente, mais com a bôca do que com o
coração, nem falava em mudança de vida e conversão, mas tão somente:
"daqui a quarenta dias, a cidade vai ser destruída". A notícia foi se
espalhando e o povo, mais sensível a dar crédito começou a jejuar,
vestindo roupas de penitência. Até o rei ficou sabendo e também ele, por
via das dúvidas, porque poderia ser falsa a mensagem como também
verdadeira, humilhou-se, descendo do trono, cobrindo-se ele também com
vestes de penitência, sentou-se sôbre cinzas e baixou um decreto:
"Homens
e animais, gado graúdo e miúdo, não provarão nada. Eles não pastarão e
não beberão água. Homens e animais cubram-se de sacos e invoquem a Deus
em alta voz, deixem seus maus caminhos, convertam-se da violência que há
em suas mãos. Quem sabe Deus se arrependa e renuncie a nos perder". O
que Jonas deveria ter feito e não fez, o rei cumpriu com sabedoria. Não
apenas decretou penitência e conversão, mas ele próprio deu o exemplo. A
mensagem lacônica transmitida ao povo por Jonas feita de má vontade,
produziu os efeitos que ele não esperava e não queria que acontecessem.
Ficou profundamente indignado e irritado com o Senhor dizendo-lhe:
Senhor, era bem isso que eu pensva antes de querer fugir da vossa
presença! Sois bom demais! Sois por demais compassivo, clemente,
generoso e rico em bondade, sempre pronto a renunciar ao castigo! Eu não
aceito isso! Prefiro morrer!
Jonas
pensava que estava com a razão e Deus é que estava errado. Amuado,
Jonas saiu da cidade e encontrou um lugar que lhe pareceu bom para
descansar. Fez ali uma cabana sentou-se à sua sombra esperando que Deus
pensasse bem no que lhe havia dito. Sentou-se para assistir a destruição
de Nínive pois o prazo de quarenta dias já estava esgotado. Jonas
estava mau humoraddo. Para curá-lo de seu mau humor, o Senhor fez
crescer um rícino -espécie de mamona para dar-lhe sombra. Jonas
alegrou-se com esta nova sombra e o seu mau humor passou. Mas, no dia
seguinte, bem de manhã um verme roeu a raiz do rícino e ele secou.
Quando veio o sol, a cabeça de Jonas começou a esquentar e mais uma vez
desabafou: prefiro a morte à vida! O Senhor vendo a irritação de Jonas,
disse-lhe:
-Você acha que fez bem irritando-se por causa do rícino que secou? Jonas respondeu petulante:
-Sim! tenho razão de me irar até a morte!
Pela
última vez o Senhor fala a Jonas que havia se queixado porque o rícino
no dia anterior estava vivo e, no dia seguinte murcho:
-Jonas, você teve compaixão de um rícino e não vou eu ter compaixão da
grande cidade de Nínive onde há mais de cento e vinte mil seres humanos
que não sabem distinguir entre o bem e o mal? Não terei pena até dos
próprios animais?
Notas:
- O Livro de Jonas é uma espécie de parábola para mostrar a bondade de
Deus e a sua misericórdia, que quer a salvação de todos, mesmo dos mais
empedernidos pecadores. Para tanto, Ele preparou um povo para ser o
arauto dessa boa-nova. Israel, o povo de Deus, acabou pensando que o seu
Deus era só para sí, sua propriedade particular. Durante a sua
existência, desde o chamado de Abraão até Jesus Cristo, o povo sentia,
de maneira clara, a presença de Deus em seu meio com constante proteção e
também com acontecimentos dolorosos quando deixava de ser fiel. Jesus
confirma o procedimento do Pai e ele mesmo demonstra ter os mesmos
sentimentos:
- "Perdoai e sereis perdoados".
"Quantas vezes devo perdoar?...Até setenta vezes sete".
"Sede misericordioso como vosso Pai celeste é misericordioso".
"Haverá no céu mais alegria por um pecador que se arrependa do que por noventa e
nove justos que não precisam de arrependimento".
"Aos seus verdugos no calvário Jesus pede: "Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem".
-
Jonas é a imagem do povo de Israel, fechado em si mesmo, não entendendo
que o plano de Deus era estender a todos os povos o convite a pertencer
a este povo. O único requisito, naquele momento, era o que Jonas
deveria ter anunciado, o que fez o rei de Nínive: "Homens e animais
cubram-se de sacos, jejuem, e invoquem a Deus em alta voz, deixem seus
maus caminhos, convertam-se da violência que há em suas mãos. Quem sabe
Deus se arrependa e renuncie a nos perder".
-
Que fim levou Jonas? Permaneceu cabeça-dura até o fim? Jonas falava o
que pensava ser o certo mesmo contrariando a palavra de Deus. Ele era
sincero e coerente com seu modo de pensar e Deus deve ter levado isso em
consideração.
Somos gratos ao povo judeu porque dele nasceu Jesus, nosso Salvador.
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