Deus nos escolheu e nos constituiu continuadores de sua vida e de sua obra. Louvado seja Deus!

Total de visualizações de página

Mínimas e Máximas

Páginas

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Homilia - Deus é amor.


Foi assim que o apóstolo e evangelista S. João definiu Deus que é uno em natureza, mas trino em pessoas. Deus é aquele que é, aquele que está sempre conosco, mas a sua essência é amor. O amor em Deus implica eu diria, na necessidade de mais pessoas em Deus, para que estas pudessem transvasar uma na outra o seu amor infinito para poderem ser infinitamente felizes. As três pessoas divinas são necessárias e suficientes para transbordarem uma na outra todo seu amor. O amor não pode ser estático. O dinamismo faz parte da sua essência. Deus ama porque é bom e o bem é difusivo por natureza. "Et bonum est diffusivum sui." O amor das três pessoas divinas seria suficiente para dar ao amor, sentido pleno. Mas, a Trindade não se conteve: quis transbordar o seu amor nas criaturas, obra de suas mãos. E aí vieram os anjos, o universo material tirado do nada e, no pequenino planeta terra, o homem e a mulher criados à imagem e semelhança de Deus. Eles foram feitos para participarem da felicidade divina e serem seus comensais. A prova de amor e fidelidade a Deus era necessária. O homem e a mulher não deveriam ceder à tentação de quererem ser como Deus e de pensar que tudo o que eram e tinham no corpo e na alma, era conquista sua. A tentação, embora grande, era vencível, mas como os anjos rebeldes, também Adão e Eva pecaram. Nos anjos maus não houve arrependimento, empederniram-se em seu orgulho e soberba e já não houve mais possibilidade de um lugar para eles no céu. O seu orgulho, ódio e rancor contra Deus que sabiam ser bom e compassivo, sempre pronto para perdoar e misericordioso porque amoroso, criaram o inferno, mais um estado de espírito que um lugar. Deus não os afastou, mas foram eles que livremente se afastaram de Deus porque não podiam mais olhar para Ele com bons olhos. No inferno os condenados, autocondenados se encontram tornando-o lúgubre e tétrico, medonho e infeliz, horrendo e fétido, asqueroso e malvado. Adão e Eva, ao contrário, deram "chances" ao perdão de Deus, embora nem um nem outro quisessem assumir a responsabilidade da culpa. Nos anjos maus, a tentação brotou do seu coração. Em Adão e Eva, a tentação veio de fora, do anjo mau, "homicida desde o princípio". A transgressão do preceito divino por parte dos nossos primeiros pais, exigia punição e reparação. Mas, como reparar ofensa e ingratidão tão grandes, pecado tão profundo que atingiu o mais íntimo do ser de nossos progenitores? Foi essa natureza humana, assim viciada que herdamos. Mas Deus é amor. Adão e Eva admitiram e reconheceram o seu erro, mas não admitiram nem reconheceram a sua culpa, foi o suficiente para que Deus amaldiçoasse o tentador e formulasse a promessa: "Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Ela te esmagará a cabeça e tu tentarás morder-lhe o calcanhar". (Gen. 3,15), e o necessário castigo: Adão comerás o pão com o suor do teu rosto, a terra te será hostil. Eva, darás à luz em meio a dores e viverás sob o domínio do teu marido. E aos dois: lembrem-se que são pó e ao pó voltarão". (Gen. 3, 16-19). O diabo conquistou o coração do homem, venceu-o com a tentação, mas outro homem, descedente de Adão e Eva haveria de dar o revide, tirar o homem pecador das mãos do vitorioso tentador, mas este homem não poderia ser um simples homem por mais justo e santo que fosse, e o demônio sabia disso e, por isso, sentia-se plenamente vitorioso, achando que para o homem não haveria mais esperança de salvação.
Uma coisa jamais passou pela cabeça do tentador vencedor: que o Filho de Deus se fizesse homem, assumisse a culpa do homem pecador e assim o redimisse e o salvasse e tivesse-o de volta. Subirei ao mais alto dos céus, pensou o anjo rebelde, quero ser livre, independente, quero ser Deus, não quero depender de ninguém e a ninguém prestar contas. Jesus, ao contrário, "humilhou-se e se fez obediente até a morte de cruz..." "Não havia nele aparência humana, tão desfigurado estava; parecia um verme e não um homem" (Filip. 2,8), (Isaías 53, 2-3). Mas antes de sua paixão, Jesus providenciou um meio e um modo de ficar conosco até o fim dos tempos: Ele inventou a Eucaristia; e como nós precisávamos deste alimento!
 "Quem come minha carne e bebe meu sangue tem a vida eterna, e eu lhe prometo que o ressuscitarei no último dia" (Jo. 6,54), (Lc. 22,19). Na última ceia, Jesus mostrou aos seus apóstolos de uma maneira bem prática como isto haveria de acontecer e lhes ordenou: "Façam isto em memória de mim até que Eu volte". A partir de então, Jesus passou a ser recebido pelos seus fiéis sob as espécies do pão e do vinho que os apóstolos e seus sucessores escolhidos e legitimamente consagrados abençoam, colocando-se ao dispôr de Cristo para que deles se sirva como de instrumentos. E Jesus, numa entrega total de amor, fica lá onde o deixarmos. Ele fica nos sacrários recebendo visitas ou abandonado, esquecido. Por amor Ele até aceita ser ultrajado e profanado. Mas Ele fica! E a luta entre o amigo e o inimigo do homem continua até o dia do juízo final. O homem é livre, ele deve fazer a opção. Conhecedor de tudo o que Jesus fez por ele, "humilhando-se até a morte e morte de cruz" e sabedor de que o demônio quer a sua desgraça, o homem não tem por que duvidar na escolha. Mas o homem é fraco e pode se deixar seduzir facilmente pelo tentador que lhe oferece vantagens imediatas, porém ilusórias, enquanto Jesus diz: "Quem quer ser meu discípulo, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-me". (Mt. 16,24). Mas diz também: "Venham a mim vocês que estão aflitos sob o fardo e eu os aliviarei. Tomem meu jugo sôbre vocês e recebam minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e acharão o repouso para as suas almas. Porque meu jugo é suave e meu pêso é leve". (Mt. 11, 28-30). Jesus não desiste, mesmo que haja muitos que o não aceitem ou abandonem. Ele espera pelo seu arrependimento e volta dizendo que no céu haverá muita alegria com este retôrno. Mesmo que alguém se converta nos últimos momentos de sua vida, Jesus aí está para acolher, perdoar e dizer: "Hoje mesmo estarás comigo no paraíso". (Lc. 23, 43).
Ninguém deve desprezar o amor de Deus. Ninguém deve desconfiar da sua bondade e do seu perdão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário