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sábado, 21 de fevereiro de 2015

SOBRE A SANTA MISSA



O Padre que celebra a Santa Missa leva as pessoas a se encontrar em Deus. O exterior de cada um deve manifestar o que se passa no interior. No interior, a pessoa se encontra com Deus visível aos olhos da fé, ouve-o, fala com ele, pede perdão, agradece, pede graças para os outros e para o mundo. Ela não pede nada para si, mas Deus, que contempla o seu desprendimento, cumula-a de alegria, daquela alegria que cada um pode experimentar, mas não sabe explicar. Cada pessoa que busca a Deus faz a sua experiência pessoal.

Na Missa, que é um encontro com Deus, depois das apresentações pessoais e humilhação diante de Deus pelos pecados e miséria humana, canta-se o hino em que se glorifica a Deus uno e trino, hino que se conclui com uma oração que cada pessoa faz no silêncio do seu coração. Depois, o sacerdote celebrante coleta os pedidos íntimos e silenciosos que cada um fez, com uma oração em nome de todos, e todos confirmam o seu “Amém”.

Em seguida, Deus vai falar, em um dos presentes é o seu porta-voz. Deus vai falar o que já falou e deixou por escrito no seu Livro Sagrado, que todos possuem e procuram ler todos os dias, para adaptar a vida aos seus ensinamentos.

Nas duas primeiras leituras são os profetas e os apóstolos, principalmente, que nos transmitem o que ouviram da boca de Deus. Diz o apóstolo Paulo: “Eu recebi pessoalmente do Senhor aquilo que transmiti para voc^s” (1 Cor 11, 23). No Evangelho é o próprio Jesus que nos fala através do sacerdote celebrante, não importando a sua voz, a sua maneira de explicar a Santa Palavra. Alguma lição todos podem e devem levar, para tornar melhor a vida pessoal, em família, no trabalho, no lazer, na comunidade.

Depois da profissão de fé vem a preparação da matéria para o sacrifício – o pão e o vinho – matéria que Jesus escolheu na Última Ceia e que vão se tornar, pelo mistério da transubstanciação, o Corpo e o Sangue do Senhor.

Preparada a matéria, o sacerdote convida todos: “Orai, irmãos e irmãs, para que o nosso sacrifício seja aceito...”, e depois de mais uma oração em que se pede que a Missa nos renove, entramos, com a Oração do Prefácio, no íntimo do coração de Deus, no Santo dos santos que, no Antigo Testamento, “constituía o lugar por excelência da presença divina e só entrava nele o sumo sacerdote, uma vez por ano, no dia da expiação” (Aquilino de Pedro).

Neste momento, o próprio Jesus entra em ação e faz o sacerdote agir em Sua Pessoa. Não é o sacerdote que transubstancia o pão e o vinho no seu próprio corpo e sangue, mas no Corpo e Sangue de Cristo, embora o sacerdote diga: “Isto é meu Corpo... este é o cálice do meu Sangue”. O sacerdote é como que possuído pelo Senhor quando pronuncia estas palavras, e conclui, dizendo: “Fazei isto em memória de mim, até que eu volte.”

Sim, aguardamos a Sua volta. Chegará o dia em que estaremos lá, para o Juízo Final, quando Jesus mandará separar “uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, os bons à sua direta, os maus à esquerda. Vinde benditos de meu Pai, porque todas as vezes que servistes e fizestes bem ao menor dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes; e aos da esquerda: afastai-vos de mim, malditos, porque o que os bons fizeram, vós não o fizestes, e foi a mim que o deixastes de fazer. Estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna” (Mt 25, 31-46).

Oxalá possamos ouvir as palavras de Jesus dirigidas a nós: “Vinda, benditos de meu Pai... Tudo o que fizestes ao menor dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes.”

Eis o mistério da fé, proclama o celebrante, e os fiéis, de dentro do santuário de seu coração, continuam: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!” Morte, ressurreição, nova vinda. Ele virá para nos levar consigo, se o aceitarmos.

O celebrante lembra, diante de Deus, a morte e a ressurreição de Jesus, oferece-o a Ele, porque está em suas mãos, agradece, suplica, pede pela Igreja, pelo Papa, pelo Bispo, pela comunidade presente e não esquece os membros falecidos, momento em que cada qual lembra dos seus, e, por fim, pede por todos os presentes, para que Deus tenha piedade e lhes conceda um dia, em companhia da Virgem Maria, de São José, dos santos apóstolos e na companhia de todos que O serviram neste mundo, poderem louvá-lo e glorifica-lo por Jesus Cristo, a quem é dada toda honra e toda glória agora, e esperam que assim seja por toda eternidade.

Na Missa, Jesus vem a nós como alimento. Sabemos a maneira que Ele inventou para ser nosso alimento. Nós acreditamos que o recebemos na Hóstia, que não é pão – embora os sentidos nos enganem[1]– mas o seu Corpo, isto é, a sua Pessoa.

Somos ainda peregrinos e precisamos, e por isso pedimos o pão de cada dia, aquele que todos conseguem com o seu trabalho; mas, junto com este pão vem o outro, o Pão da Vida que, momentos depois, vamos receber com fé e devoção e com a alma limpa de pecados graves. Jesus é o nosso viático.

Na Missa Jesus vem, não para ficar só naquele momento, mas para ir, para ser levado em nossos corações a nossas casas e viver dia a dia conosco a nossa vida, com tudo o que nela acontece.

Após a Comunhão, momentos de silêncio para que cada qual que recebeu Jesus na casa do seu coração O adore e louve, e diga a Ele o que tiver para lhe dizer, de agradecimentos e de pedidos.

A Missa termina com um pedido para que se traduzam em nossa vida as graças que recebemos.

Depois da Missa, Jesus pede que façamos uma segunda comunhão: receber os outros, assim como eles são, em nosso coração, porque todos querem ser recebidos assim como são, por inteiro, cabeça e membros. Não faz sentido a comunhão com Cristo sem a comunhão com os irmãos. Se esta não existe, não se pode fazer aquela. Seria uma espécie de profanação. É como bater no Cristo aqui e ir beijá-lo ali. Quem comunga o Corpo de Cristo, mas não comunga o “corpo” do irmão, não pense que está fazendo uma santa comunhão.

O apóstolo Paulo disse aos Colossenses (1, 18) que a Igreja é o Corpo do qual Jesus é a Cabeça. Nós temos que comungar o Corpo inteiro de Cristo, e não só a Cabeça. Talvez digamos, como o povo naquele dia em que Jesus afirmou que era necessário comer a sua carne e beber o seu sangue (Jo 6, 51-60): “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” Receber em comunhão os irmãos? Mas eles são intragáveis! (tragar significa devorar, engolir com avidez e sem mastigar, aguentar, tolerar, e intragável é o contrário de tudo isto). Para que a nossa comunhão com Cristo seja plena, precisamos comungar TODO o seu corpo, que é também a Igreja, que são também os outros. Isto não significa que entre nós não deva existir a correção fraterna, feita com amor e humildade, porque todos erramos. Diz o apóstolo das gentes: “Nada façais por ambição ou vanglória, mas com humildade, cada um considere os outros superiores a si e não cuide somente do que é seu, mas também do que é dos outros. Haja entre vós o mesmo sentir e pensar de nosso Cristo Jesus, que despojou-se, assumindo a forma de escravo e tornando-se semelhante ao ser humano” (Flp 2, 3-11). Daí podemos perceber que a santa Missa é algo comprometedor de que não podemos fugir, se dela quisermos participar.

Muito cuidado para não banalizar o que de mais sagrado e precioso a Igreja tem. A Missa é o Mistério da fé, como anuncia o celebrante logo após a Consagração, mas é um Mistério no qual podemos entrar, porque Deus não fecha o seu Coração. Podemos ir entrando dentro deste Mistério e ir descobrindo suas belezas insondáveis, inexplicáveis, que nossas palavras não podem conter. Para tanto, requer-se o recolhimento, o silêncio. Não é no barulho que se entra ali.

A cada qual que procura entrar neste Mistério, Deus revela coisas especiais. Daí a razão por que as pessoas que participam realmente da santa Missa saem alegres, felizes, de uma alegria e felicidade que não é desta terra, porque a Missa lhes foi a fonte dessa alegria e felicidade que, silenciosamente, vão transmitindo aos outros.





[1] “Embora os sentidos da visão, do gosto e do tato enganem, não se enganam os ouvidos que acreditam com toda segurança e nos dizem: Creio naquilo que ouvi, creio em tudo (aquilo) que disse Jesus. Nada mais verdadeiro que a palavra da Verdade” (S. Tomás de Aquino).

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