Deus nos escolheu e nos constituiu continuadores de sua vida e de sua obra. Louvado seja Deus!

Total de visualizações de página

Mínimas e Máximas

Páginas

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Deus proibiu fazer imagem da Sua Pessoa, por quê?

"No dia em que o Senhor, vosso Deus, vos falou do seio do fogo em Horeb, não vistes figura alguma. Guardai-vos, pois, de fabricar alguma imagem esculpida representando o que quer que seja, figura de homem ou de mulher, representação de algum animal que vive na terra ou de algum pássaro que voa nos céus, ou de um réptil que se arrasta sobre a terra, ou de algum peixe que vive nas águas, debaixo da terra. Quando levantares os olhos para o céu e vires o sol, a lua, as estrelas e todo o exército dos céus, guarda-te de te prostrar diante deles e de render um culto a esses astros... Não façais uma imagem esculpida, representando o que quer que seja, como vos proibiu o Senhor, vosso Deus... deuses feitos pela mão do homem, deuses de madeira e de pedra, que não podem ver, nem ouvir, nem comer ou sentir" (Dt 4, 15-19.23).
O que Deus proibiu é fazer imagens que representem a SUA pessoa, o que é impossível, porque ninguém nunca o viu. Naquele tempo este perigo era constante, porque todos os demais povos tinham os seus deuses concretizados em imagens conforme a sua fantasia. Como outros povos percebessem que Israel não tinha deuses assim, perguntavam: "- Onde está o vosso Deus?" (Sl 41, 4).

Tanto é verdade que Deus proibiu aos israelitas só fazer imagens da Sua pessoa, que o próprio Deus mandou confeccionar imagens de Querubins para a Arca da Aliança e o Templo de Jerusalém. Lembre-se que os Querubins são puro espírito; entretanto, foram representados com fisionomia humana e, no entanto, ninguém lhes prestou culto, pelo que se sabe. No Templo de Jerusalém havia peças ornamentadas com folhagens, flores e até animais. Ninguém do povo lhes prestava culto.

Por vezes, a beleza de um anjo poderia ser confundida com a beleza de Deus, como aconteceu com o apóstolo João, registrado em Apocalipse 22, 7-9: " 'Escutem! Eu venho logo! Felizes os que obedecem às palavras proféticas deste livro!'  Eu, João, ouvi e vi todas essas coisas. E quando acabei de ouvir e ver, caí de joelhos aos pés do anjo que me mostrou essas coisas. Mas ele me disse: 'Não faça isso! Pois eu sou servo de Deus, assim como são você e seus irmãos. Prostra-te diante de Deus!' "

Além dos Querubins, Deus mandou Moisés fazer a imagem de uma serpente como um objeto específico. Passada a razão do fabrico da imagem de bronze da serpente, ela foi guardada na Arca. Quando mais tarde o povo começou a prestar-lhe culto de adoração, ela foi destruída.

Conclusão:
Deus proibiu fazer imagens... e também mandou fazer imagens.
Contradição?
Não!

Como vimos no capítulo quarto do Deuteronômio, Deus proibiu os israelitas fazer imagens de SUA pessoa, porque a Ele jamais viram. Se as fizessem, seriam frutos da sua imaginação maluca, como o bezerro de ouro. Se eles fizessem uma imagem de Moisés, ou de Abraão, Isaac ou Jacó, sem dúvida eles não iriam adorá-la, porque sabiam que eram seres humanos a quem se pode reverenciar, porém, jamais adorar.

terça-feira, 2 de abril de 2019

Quando lemos os Evangelhos


A pessoa que lê os Santos Evangelhos e se esforça para entender o que disse Jesus, e se esforça por viver o que entendeu, torna-se uma pessoa paciente, bondosa, disposta a ajudar e a partilhar o que tem. A leitura atenta dos Santos Evangelhos nos ensina, sobretudo, a ver a Pessoa do Senhor nos outros e, nos acontecimentos, as Suas mensagens sempre novas.

Ele em mim e eu n'Ele

Quando recebemos a Comunhão, como fica Jesus lá dentro de nós?
- Ele passa a ver com os nossos olhos, ele ouve com os nossos ouvidos, ele fala com a nossa língua e boca, ele trabalha e ajuda com a nossa razão e com as nossas mãos, ele anda com os nossos pés, ele ama com o nosso coração, ele sofre com os nossos sofrimentos.
"O que eu sofro no meu corpo pela Igreja, que é o Corpo de Cristo, está ajudando a completar os sofrimentos de Cristo em favor dela" (Col 1, 24).

COMO É BELO O CELIBATO!

Como é belo conhecer uma pessoa que viveu uma vida toda consagrada a Deus, à Igreja, aos irmãos. Como é bela a vida de quem renuncia ao casamento para estar totalmente livre para amar, amar sem reservas, amar a todos, amar mesmo que não haja a recíproca de ser amado. Como é belo o celibato por amor do Reino dos céus!

Quem não gosta disso, porque tem inveja, é o demônio e todos aqueles que têm os mesmos sentimentos que ele. Nem todos entendem, disse Jesus, mas somente aqueles a quem é dado entender.

Mas é necessário que aqueles que foram chamados a esta doação total vivam o seu celibato com aquela alegria serena, e não constrangidos, com o rosto abatido, ou procurem outras compensações e tomem a sua defesa, criticando a Igreja por lhes impor uma "lei desumana", quando não é bem assim.

A Igreja não impõe nenhuma "lei". É a pessoa que livremente faz a opção, porque no trabalho de evangelização a Igreja precisa de pessoas totalmente disponíveis. A preparação necessária dessas pessoas é longa, dura anos, e é só ao fim dessa preparação que os votos ou as promessas são feitos, quando o candidato tem toda a liberdade de voltar para sua casa e seguir outro caminho.

Deve-se distinguir os votos dos religiosos e religiosas das promessas dos padres diocesanos. Os votos são feitos a Deus e são irrevogáveis: pobreza, castidade, obediência e vida em comunidade, ao passo que os sacerdotes diocesanos submetem-se à lei da Igreja, que pode ser reformada e até dispensada em casos especiais.

Na foto abaixo, Padre Haroldo Rahm que completou 100 anos com legado de caridade, novo livro e planos para o futuro: um programa de TV.



O TRABALHO DE EVANGELIZAÇÃO URGE!

Ainda hoje há os que não querem receber Jesus, e há também aqueles que não sabem nem quem ele é, porque não lhes foi anunciado por quem já o conhece. Há também aqueles que lhe são indiferentes, cuja fé se reduz a algumas tradições sem vida ou iniciativas de gosto pessoal.
Estamos há mais de 2 mil anos do nascimento de Jesus, o trabalho de evangelização urge! Somente evangeliza quem ama; somente ama quem o conhece, e quem o conhece verdadeiramente se entusiasma, e quem se entusiasma, fala dele e quer que outros cheguem também a esse entusiasmo, para que, por sua vez, façam o mesmo com outros, e assim o fogo tome conta.

Mínimas e Máximas [3]

A NOSSA FÉ tem que ser encarnada. O nosso cristianismo tem que ser encarnado. Se Jesus, o Filho de Deus, revestiu-se com roupagem humana para nos dizer que nos ama, nós precisamos nos revestir da roupagem da caridade para lhe dizer que cremos nele.

***

"OS HOMENS DE DEUS, cuja ação foi decisiva no seu tempo, não tiveram pressa em agir, e queriam que os seus discípulos, antes de serem homens da massa, fossem homens do deserto" (Pierre Blanchard)

***

JESUS, QUE PELA UNIÃO HIPOSTÁTICA estava sempre em contato substancial com o Pai, sente necessidade de consagrar longas horas à oração (Mt 16, 23), durante a noite inteira mesmo (Lc 6, 12). E volta para os seus como que carregado, na sua humanidade, dum potencial de plenitude divina" (Pierre Blanchard).

***

A MISSA não pode ser entendida como um culto qualquer, ao qual se vai sem saber por que ou com ideias vagas sobre ela. Afinal de contas, a Missa, e nela a Eucaristia, são o ponto mais alto da liturgia e da vida cristã. Se o cristão falta a Missa, falta-lhe tudo. É a Missa que identifica o verdadeiro cristão católico. É dela que brota a caridade cristã. Não faz sentido alguém unir-se a Cristo pela comunhão e não viver em comunhão com os irmãos e irmãs. É muito importante que todos vão à Missa e saibam por que. Há pessoas que sentem uma enorme falta dela quando, por um forte motivo, não podem comparecer. A outros, não faz falta.
A Missa não é um culto qualquer. Por isso a Igreja adornou-a com cuidado especial. Tudo nela tem a sua razão de ser. Não se deve nada tirar e nada acrescentar. Ela já é perfeita, já está perfeita. Ir à Missa é como participar da Última Ceia com Jesus e dali, com Ele, partir para o Jardim das Oliveiras, Calvário e Ressurreição.. É preciso que todos tenham isso em mente.

***

QUANDO SE TRATA DA IGREJA e do seu trabalho em geral, dizemos que não temos tempo. Ora, Deus nos dá todo o tempo, e temos a coragem de lhe dizer que não temos tempo? Deus poderia tirar o nosso tempo, porque se não somos capazes de destacar um pouco de tempo para as obras de Deus, estamos perdendo tempo. Entretanto, Deus continua dando-nos tempo. Mas, chegará o dia em que o tempo vai acabar. E daí? As coisas atrás das quais corremos, gastando o nosso tempo, irão conosco? Vão nos salvar?

***

SE UM PAI E UMA MÃE dão tudo a seu filho: lar aconchegante, comida, vestuário, estudos, cuidados pela saúde, lazer... se não derem a ele a orientação religiosa prática, estarão educando o seu filho simplesmente para a sepultura, com o que tudo acaba.

***

COMO O PAI ME AMOU, assim também eu vos amei. Como vamos retribuir? Amar a Deus como Jesus o amou, e amar Jesus como o Pai o ama.

***

INFELIZES DAQUELES QUE JUNTAM, CASA SOBRE CASA,
que acrescentam campo a campo
até não haver mais espaço,
e habitem sós,
no meio do país" (Is 5, 8)

***

Jesus, no presépio de Belém, nos ensina a sermos acolhedores.

***

NÃO É O COSMOS QUE DEVE ENTRAR NA ESPIRITUALIDADE, mas é a espiritualidade que deve entrar no cosmos, na ecologia da ciência. Do contrário, corre-se o perigo de materializar e profanar o espiritual, em vez de espiritualizar o profano e a matéria.

****************************************

POR QUE ACREDITAMOS QUE MARIA É MÃE DE DEUS?


Porque "Deus se fez homem e habitou entre nós", e os apóstolos Pedro, Tiago e seu irmão João contemplaram a sua glória, glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade (Jo 1, 14).
Além disso, "Ele mesmo foi provado como nós, em todas as coisas, menos no pecado" (Hb 4, 15).

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Minimas e Máximas [2]

APRENDEMOS A VENCER DISTÂNCIAS
Sim, é mais fácil conquistar a distância do que a proximidade. Não sabemos viver perto uns dos outros.
***
A FÉ TEM QUE SER ANIMADA PELA CARIDADE
Do contrário, ela é morta (Tg 2, 17) e, consequentemente, não salva. Será que a fé de certos protestantes que agressivamente acusam católicos de idolatria, simplesmente porque conservam imagens de Jesus Cristo e de sua santa Mãe, dos anjos e dos santos, será que esta fé, revestida de incompreensão e ausente de caridade, os salvará? Somente a fé animada pela caridade é que dá esperanças de ver realizadas as maravilhosas promessas do Senhor.
***
A CONFISSÃO É UM PODEROSO MEIO DE LIBERTAÇÃO
O pedido de perdão a Deus e ao próximo. Quando nos entregamos a Jesus e confessamos nossas falhas, ele assume o controle total da nossa vida. Ele, uma vez no controle, impede que o mal se levante contra nós.
***
A GENTE DEVE ALEGRAR-SE EM DEUS, como se alegrou Nossa Senhora, ao conceber Jesus por obra do Espírito Santo, alegria que ela transbordou em Isabel ao ser por ela saudada como Mãe de Deus, feliz porque acreditou. A gente poderá alegrar-se em Deus sempre que estiver fazendo o que é da sua vontade.
***
NOSSA SENHORA PROFETIZOU
"Doravante todas as gerações me chamarão de bendita". Se Nossa Senhora teve outros filhos - e poderia ter, por que não? - esta profecia teria sido diminuída em seu valor e até poderia perdê-lo por completo. Só ficaria na lembrança. Pelo fato de Maria ter sido escolhida para Mãe de Jesus, o Filho de Deus, permanecendo Virgem após o seu parto, ela se tornou um monumento do poder de Deus e todas as gerações poderiam admirá-lo. Mas, se Maria, depois de Jesus, teve outros filhos, este monumento perdeu o seu valor, caiu na obscuridade, enfim, desabou, e não haveria mais razão para que todas as gerações a proclamassem de bendita, porque a maravilha foi uma coisa passageira e Maria, como querem protestantes, voltou a ser como as demais mulheres que, ao morrer, seu corpo baixou à sepultura, ao pó voltou e lá ficou. A Assunção de Nossa Senhora ao céu, em corpo e alma, teria sido uma invenção da Igreja Católica.
***
"O TURISTA ESTRANGEIRO vem ao Nordeste atrás de prostituição e de droga. A propaganda que o Brasil faz de mulatas seminuas é um fato que contribuiu para a violência" (Carlos Alberto da Costa Gomes, do Observatório de Segurança Pública da Universidade de Salvador. Gazeta do Povo, 22/10/2012).
***
DEUS NOS FALA NO ABSOLUTO SILÊNCIO e também no silêncio dos acontecimentos mais barulhentos da grande história do mundo, da história de cada dia, e da nossa pequenina história.
***
O ROSTO É O ESPELHO DA ALMA, os olhos são sua janela e a boca, a expressão da sua verdade ou mentira, daquilo que ela é e pensa.
***
Os santos têm cara de gente!
Carlo Acutis, em processo de beatificação (2019).

***



Deixe que os mortos sepultem seus mortos

Isto é, deixe que haverá outros que o farão.

É um ato de caridade, uma obra de misericórdia que ninguém se recusará a fazer.

Estas foram as palavras de Jesus ao candidato de discípulo, convidado pelo próprio Jesus que lhe pede primeiro deixá-lo enterrar seu pai (Lc 9, 60).
"Deixe que os mortos enterrem seus mortos" devia ser uma espécie de ditado, adágio para se entender que qualquer pessoa pode fazer o trabalho que alguém pensa fazer como obrigação exclusiva sua.

Nem sempre tudo corria bem no trabalho de evangelização dos Apóstolos

O Apóstolo Paulo queixava-se: "Não tenho nenhum outro correligionário que se preocupe tão sinceramente convosco do que Timóteo. Todos visam os seus interesses pessoais, não os de Jesus Cristo" (Filipenses 2, 20-21).

Em outro lugar: "A maior parte dos irmãos... redobra de audácia para anunciar sem medo a Palavra. Alguns, é verdade, o fazem por inveja e por ambição, mas outros proclamam a Cristo com boa intenção. Estes agem por amor. Outros, se anunciam o Cristo, é por espírito de competição, os seus motivos não são puros... De qualquer maneira, com segundas intenções ou com sinceridade, Cristo é anunciado" (Filipenses 1, 14-18).
La diffusion de la bonne nouvelle

Haec est Domus Dei et Porta Coeli

Em muitas igrejas antigas, no pórtico de entrada ou em lugar de destaque no interior do templo, estão escritas estas palavras latinas, cuja tradução é: "ESTA É A CASA DE DEUS E A PORTA DO CÉU".
Sendo a "Casa de Deus", nela reinava o mais absoluto silêncio, quebrado somente para a oração em comum ou pelo sacerdote, quando celebrava a Santa Missa, servido pelo seu coroinha. No mais, se alguma conversa havia fora das celebrações, era somente o necessário e, mesmo assim, aos sussurros.

A Missa era em latim. O povo nada entendia; aliás, a oração do sacerdote era entre ele e Deus. Algumas vezes ele se voltava ao povo para lhes dizer, em latim, que o Senhor estava com eles e que orassem para que o seu sacrifício fosse aceito por Deus. Era o coroinha quem, em nome do povo, também em latim, mas decorado, respondia.

De fato, o povo mais assistia à Santa Missa do que dela participava. Mas assistia com fé e devoção, e pelo soar da campainha do coroinha, sabia quando era o "Sanctus" ou a consagração, e ficava praticamente todo o tempo de joelhos. À hora do Evangelho, punham-se de pé. À hora da comunhão, aproximavam-se da mesa. O coroinha ajudava o sacerdote segurando a patena sob o queixo de cada fiel comungante, para não permitir que se perdesse a menor partícula da hóstia consagrada. O povo, que ia à igreja com a melhor roupa que tinha, voltava para casa feliz e revigorado na fé.



Esta é a Casa de Deus

O Esaú da Bíblia tinha trocado com Jacó, seu irmão, o direito da primogenitura por um prato de lentilhas. Sentindo sua vida chegar ao fim, Isaac, o pai, quis dar a bênção ao filho primogênito que, para ele, era Esaú, mas para a mãe Rebeca, que sabia da troca, era Jacó. Além do mais, Esaú, com a idade de quarenta anos, tomou como esposas duas mulheres hititas, povo estranho, o que desagradou muito a Isaac e Rebeca.

Quem se apresentou para oferecer ao pai Isaac a última refeição antes da bênção foi Jacó. Isaac estava cego, parecia-lhe ouvir a voz de Jacó, mas apalpando os seus braços, reconheceu ser Esaú. Isaac alimentou-se com a suculenta refeição preparada por Rebeca e tomou vinho. Então Isaac disse-lhe: "Aproxima-te, meu filho, e beija-me". Isaac sentiu o perfume de suas vestes, que eram as de Esaú, e o abençoou nestes termos: "Deus te dê o orvalho do céu e a gordura da terra, uma abundância de trigo e de vinho! Sirvam-te os povos e prostrem-se as nações diante de ti! Sê o senhor dos teus irmãos, e curvem-se diante de ti os filhos de tua mãe! Maldito seja quem te amaldiçoar e bendito quem te abençoar" (Gn 27, 26-29).

Acabara Isaac de abençoar Jacó quando entrou Esaú, o filho primogênito que havia trocado por um prato de lentilhas os direitos de primogenitura, apresentando ao pai uma não menos suculenta refeição que ele mesmo preparou. Aí, tanto o velho pai Isaac quanto o filho Esaú ficaram sabendo da "fraude" de Jacó. Mas a bênção lhe fora dada e não podia voltar atrás. Enfurecido contra seu irmão, Esaú, cheio de ódio, diz: "Virão os dias do luto de meu pai, e matarei meu irmão Jacó" (v. 41).

Isaac nada sabe do projeto de vingança de Esaú contra seu irmão Jacó. Sabe-o, entretanto, a mãe Rebeca, que recomenda ao filho: "Teu irmão Esaú quer matar-te para se vingar de ti. Escuta-me, pois, meu filho: vai, foge para junto de Labão, meu irmão em Haran. Fica lá algum tempo até que se acalme a cólera do teu irmão".

Para dar ao velho Isaac a razão da viagem de Jacó, Rebeca lhe dá outro motivo. Disse-lhe que estava desgostosa da vida por causa das filhas de Het, antepassado dos hititas, povo que não era semita. Se Jacó se casar com uma delas, para que ainda viver!

Isaac chama Jacó, abençoa-o e lhe dá esta ordem: "Não desposarás uma filha de Canaã. Mas vai a Padan-Aran, à casa de Batuel, pai de tua mãe, e escolhe lá uma mulher entre as filhas de Labão, irmão de tua mãe". E disse mais: "Deus poderoso te abençoe, te faça crescer e multiplicar, de sorte que te tornes uma multidão de povos. Que ele te dê, como também à tua posteridade, a bênção de Abraão, a fim de que possuas a terra onde moras e que Deus deu a Abraão".

Esaú viu que seu pai havia abençoado Jacó e o tinha enviado a Padan-Aran para aí escolher uma mulher por esposa, e lhe proibia desposar uma filha de Canaã. Compreendendo que as filhas de Canaã não eram bem vistas pelo seu pai, por despeito foi à casa de Ismael, filho de Abraão e da escrava Agar, e tomou por mulher, além daquelas que já tinha, a Maelet, filha de Ismael, filho de Abraão, irmã de Nabaiot.

Enquanto isso, Jacó partiu de Bersabeia, tomando o caminho de Haran. Chegou a um lugar, e ali passou a noite. Serviu-se de uma pedra como travesseiro. Dormiu e teve um sonho:

Via uma escada que, apoiando-se na terra, tocava com o cimo o céu; e anjos de Deus subiam e desciam pela escada. No alto estava o Senhor, que lhe dizia; "Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão, teu pai, e o Deus de Isaac; darei a ti e à tua posteridade a terra em que estás deitado. Tua descendência será tão numerosa como os grãos de poeira no solo; tu te estenderás para o ocidente e para o oriente, para o norte e para o meio-dia, e todas as famílias da terra serão benditas em ti e em tua posteridade. Eu estou contigo, para te guardar onde quer que fores, e te reconduzirei a esta terra. e não te abandonarei sem ter cumprido o que te prometi".

Jacó, despertando de seu sono, exclamou: "Em verdade, o Senhor está neste lugar, e eu não o sabia! Quão terrível é este lugar! É nada menos que a casa de Deus, é aqui a porta do céu".

No dia seguinte, pela manhã, tomou Jacó a pedra sobre a qual repousou a cabeça e a erigiu em monumento, derramando óleo sobre ela. E deu o nome de Betel a este lugar, isto é, Casa de Deus. (Gen 27-28).



Quem come a minha carne e bebe o meu sangue...

Quê homem poderia propor a outros homens que comessem a sua carne e bebessem o seu sangue?

Por isso, a Sagrada Eucaristia, nos primeiros tempos da Igreja, foi motivo de escândalo, de incompreensão, de perseguição e de martírio, porque para nós, cristãos, não existe vida eterna sem a sua comunhão. (João Antonio Magalhães)

Os Apóstolos, como nós,

se depararam com dificuldades e obstáculos para estender o Reino de Cristo, mas não ficaram à espera de ocasiões propícias para fazê-lo, pois nesse caso, não teria chegado a nós essa mensagem que dá sentido à nossa existência.

A Missa não é encenação da Ceia do Senhor.

É o memorial da sua paixão, é tornar presente o Sacrifício da Sexta-feira Santa sob os sinais propostos por Jesus na Quinta-feira Santa. A Santa Missa deve ser celebrada de tal maneira que seja do agrado de Deus como foi o sacrifício de Jesus, para que os frutos da sua paixão e morte jorrem sobre nós.

Falamos em santo sacrifício da Missa; sacrifício é doação a Deus de algo bom que a gente tem. Sendo algo material, mesmo que seja um sofrimento físico ou moral, ele se torna sagrado, pois é este o sentido da palavra sacrifício - sacrum fácere.

Em geral, fazemos sacrifícios de coisas que não nos custam muito. O sacrifício de Jesus foi diferente: Ele ofereceu a Deus Pai o seu sangue derramado, a sua vida pela salvação do mundo. Como é que Deus Pai poderia não aceitar este sacrifício? Diz-nos o apóstolo Pedro em sua 1ª Carta 1, 18: "Vós sabeis que não é por bens perecíveis como a prata e o ouro que tendes sido resgatados do vosso vão procedimento... mas pelo precioso sangue de Cristo, o Cordeiro imaculado".


Quando alguém visita a Terra Santa,

ele pára em meditação naqueles lugares por onde Jesus passou: Belém, Nazaré, Cafarnaum, Calvário, Santo Sepulcro, o Monte da Ascensão...

Ninguém pode deixar de contemplar Jesus durante os nove meses no seio de Maria. Se os outros lugares são sagrados, este o é por excelência. Se em outros lugares Jesus esteve de passagem - e nestes lugares nos demoramos em gostosas meditações, no seio de Maria, onde ele começou a se desenvolver e durante nove meses ali permaneceu, a contemplação deve ser mais demorada: veremos Jesus pela fé, mas o veremos em Maria.

É necessário que sejamos fortes na fé

de tal maneira que, ancorados em Deus, nada nos derrube, nem as mais fortes tempestades da vida, venham de onde vierem.

As contradições, os mal-entendidos, a falta de reconhecimento pelos trabalhos realizados, as insinuações maldosas e até as perseguições fazem parte do nosso desenvolvimento em Deus.

Diante dessas situações nós podemos recalcitrar, esbravejar, chorar, porque não somos valorizados no que fazemos. Neste caso é bom que consultemos alguém capaz de nos esclarecer e orientar, para ver se o que fazemos pelos outros e pela Igreja, e como fazemos, possa levar os mais fracos a se escandalizar de nós. Às vezes somos nós mesmos que damos oportunidade para que falem mal de nós ou teçam críticas. Daí a necessidade de vigilância sobre nós mesmos.

Também Jesus foi mal falado e criticado, mas nunca foi por um deslize verbal ou mau procedimento. Jesus sempre falou a verdade, e as críticas, no fundo, eram feitas por inveja. "As pessoas que o ouviam ficavam muito admiradas e diziam: "Tudo o que ele faz, ele faz bem" (Mc 7, 37), e "Jesus andou por toda parte fazendo o bem" (At 10, 38). Se alguém se escandaliza de nós pelo bem que fazemos, lamentamos, mas não podemos deixar de continuar fazendo o bem.

Todos estes empecilhos em nossa caminhada, se não são postos por Deus, são por ele permitidos, para o nosso bem. Nas olimpíadas exige-se o maior, o máximo de esforço dos que dela participam para conquistar longius, fortius, altius, citius: mais longe, mais forte, mais alto, mais rápido. Assim como nas olimpíadas exige-se dos atletas o maior esforço, assim também o cristão, que deve ser um atleta de Deus, deve entender todos os empecilhos no seu trabalho como acidentes normais a serem superados. Imagine-se um nadador que não quer entrar na água porque está fria, ou um corredor que vai reclamar porque colocaram obstáculos na pista.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Irmãos, não faleis mal uns dos outros (Tg 4, 11)

Falar mal de alguém parece coisa insignificante, corriqueira, todo mundo faz, mas...
se eu falo mal de alguém, verbalmente ou por outros meios;
se você fala mal de alguém;
se nós falamos mal de alguém,
esse alguém de quem falamos mal a outro alguém pode tomar uma dessas atitudes:
- concordar, apoiar e até divulgar o que ouviu.
- ficar em silêncio, censurando-o com o seu silêncio; o assunto morre ali, não passa adiante.
- corrigir o irmão que fala mal, corrigir na hora.
- vamos os dois até a pessoa objeto da difamação para certificar-nos da verdade na fonte.

No primeiro caso, estou fazendo o papel do diabo, levando a pessoa a concordar comigo, o que é pecado de escândalo. Eu peco e levo outro a pecar comigo. Escândalo é exatamente isto: levar uma pessoa ao pecado com palavras, comportamentos e modas inconvenientes.


Se o falatório, murmuração ou maledicência for divulgado, eu serei responsável também pelo pecado de todas as demais pessoas que se simpatizaram. É um pecado em série, e por todos estes pecados eu serei responsável perante Deus. Mesmo que eu me arrependa e procure o sacramento do perdão, o meu pecado só será perdoado se eu procurar cada uma das pessoas envolvidas, pedir perdão e pedir que, por sua vez, vá procurar o perdão de Deus no Sacramento da Confissão, e o mesmo faça ela, se levou mais alguém por este mau caminho.

Pode acontecer que a maledicência se espalhou de tal maneira que não se tem condições de reparar o mal. É como soltar as penas de um travesseiro do alto de um edifício em dia de grande ventania e depois descer para recolhê-las todas. Como vou reparar o pecado que, por minha culpa, muitas outras pessoas cometeram? Há alguma saída? - Há, sim. Pedir a Deus que abençoe e ilumine todas as pessoas atingidas pela maledicência da qual eu fui a fonte. Rezar por elas, fazer penitências e multiplicar as obras de caridade corporais e espirituais. Faça orações, sacrifícios e penitências para que Deus toque o coração dessas pessoas e também elas se reconciliem com Deus.

Divulgar os erros supostos ou reais dos outros é como cometer, em certo sentido, um homicídio; é ferir e até matar a pessoa em sua fama, obrigando-a até a mudar de lugar. O sétimo mandamento condena isso.

Desmoralizar, “revelar a má conduta, caráter ou intenção de alguém” é um pecado no qual, se a gente cai, o diabo fica feliz porque estaremos fazendo o seu trabalho. Ele aplaude. É isto que ele quer. Ele fica sentado de braços cruzados vendo feliz - de uma felicidade infernal - vendo você a fazer o trabalho dele.

Certa vez Jesus chamou o apóstolo Pedro de Satanás. Por quê? Em determinada ocasião falava Jesus a seus discípulos que precisava ir a Jerusalém e ali sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitar ao terceiro dia.

Ouvindo essas palavras, o apóstolo Pedro começou a dizer: “Senhor, Deus não permita isto! Isto não te acontecerá”. Pedro, sem saber, estava fazendo o papel do demônio, tentando Jesus, levando-o a não obedecer a Deus que o enviou ao mundo para salvar a humanidade, morrendo pregado na cruz. Sem este sacrifício de Jesus, o plano de Deus não se realizaria e Pedro, sem se dar conta, queria anular a decisão de Deus. Toda a vida de Jesus estava orientada para esta hora e aí Pedro, vendo Jesus entristecido e querendo animá-lo, lhe diz: “Senhor, Deus não permita isto! Isto não te acontecerá”. Jesus, voltando-se para ele, disse-lhe: “Os teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens; afasta-te, Satanás, tu és para mim um escândalo”, isto é, queres me levar ao pecado, queres que eu vá contra a vontade de Deus, não realizando o seu desejo, razão da minha vinda neste mundo.

Toda vez que escandalizamos alguém, estamos fazendo o papel de Satanás. É o escândalo ou pedra de tropeço: coloca-se uma pedra no caminho de uma pessoa para que ela tropece e caia.

Cometendo deliberadamente pecados veniais, a nossa amizade com Deus não é perfeita. Ora, existe amizade imperfeita? Ou ela é perfeita ou não é amizade.

Quando falamos bem dos outros, somos benditos.
Quando falamos mal dos outros, somos malditos.
O que é bendizer? É dizer bem.
O que é maldizer? É dizer mal.

O apóstolo Tiago diz-nos na sua carta (na sua comunidade devia haver muitos mexeriqueiros, bisbilhoteiros): “Se alguém julga que é religioso, não refreando a sua língua, mas seduzindo o seu coração, a sua religião é vã” (Tg 1, 26).

Logo adiante ele diz: “Se alguém não peca em palavras, este é um homem perfeito, capaz de suster com freio todo o corpo. Com efeito, quando pomos o freio na boca dos cavalos, para que nos obedeçam, também governamos todo o seu corpo” (Tg 3, 2-3).

Ele ainda insiste: “Vede também as naus, ainda que sejam grandes e se achem agitadas de ventos impetuosos, com um pequeno leme se voltam para onde quiser o impulso do que as governa. Assim também a língua é um pequeno membro, mas pode gloriar-se de grandes coisas. Vede como um pouco de fogo incendeia um grande bosque! Também a língua é um fogo, um mundo de iniquidade. A língua está entre os nossos membros e contamina todo o corpo e inflama todo o nosso viver, sendo ela mesma inflamada pelo inferno. Todas as espécies de alimárias se domam, porém a língua nenhum homem a pode domar; mal inquieto, cheia de veneno mortífero. Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens que foram feitos à semelhança de Deus. Da mesma boca procede a bênção e a maldição. Se alguém não peca em palavras, este é um homem perfeito” (Tg 3, 4-10).

O Papa Francisco recordou que uma vez, na diocese em que estava antes, ouviu um comentário interessante e belo. “Falava-se de uma idosa que por toda a vida tinha trabalhado na paróquia, e uma pessoa que a conhecia bem, disse: “Esta mulher nunca falou mal dos outros, nunca fofocou, sempre estava com um sorriso. Uma mulher assim pode ser canonizada amanhã”.

Em uma comunidade cristã, a divisão é um dos pecados mais graves, porque se torna sinal não da obra de Deus, mas da obra do diabo, que é, por definição, aquele que separa, que arruína as relações, que insinua preconceitos.

Deus, em vez disso, “quer que cresçamos na capacidade de nos acolhermos, de nos perdoarmos e de nos querermos bem, para nos assemelharmos sempre mais a Ele, que é comunhão e amor. Nisto está a santidade da Igreja: em reconhecer-se imagem de Deus, repleta da sua misericórdia e da sua graça” (Papa Francisco).

Nunca fale que a paróquia está dividida, porque você pode ser uma das pessoas que provoca essa divisão. Quem fala em divisão e nada faz pela união e comunhão é um irresponsável.


UMA HISTÓRIA

Um frade havia caído em pecado. O padre ordenou-lhe que se afastasse da Igreja. Então, Bessarião, o abade, levantou-se e saiu junto com o frade, dizendo: “Também eu sou pecador”.

E ainda:

O abade Isaque chegou certa vez a um mosteiro dos frades da Tebaida, viu um frade que havia cometido um pecado e pronunciou uma sentença contra ele. Tendo, logo depois, voltado ao deserto, veio o anjo do Senhor, parou diante da porta de sua cela e disse-lhe:
- Não o deixo entrar.
E Isaque:
- Por qual motivo?
Como resposta, o anjo lhe disse:
- Deus mandou-me perguntar-lhe aonde quer que ele mande aquele frade que você hoje expulsou.
Imediatamente o abade fez penitência, exclamando:
- Pequei, perdão!
E o anjo:
- Levante-se. Deus o perdoa, mas de hoje em diante seja vigilante e não julgue ninguém, antes que ele tenha sido julgado por Deus.
(Citado em “Evangelhos que incomodam” - Alexandre Fronzato)

A Missa de ontem - a Missa de hoje

Antigamente, isto é, antes do Concílio Vaticano II, a celebração da Santa Missa era em latim. A única coisa em língua vernácula era a leitura do Evangelho do dia que o celebrante proferia do púlpito antes da homilia, que o povo ouvia em pé. A primeira leitura e o Evangelho já tinham sido feitas, em latim. De fato, o sacerdote fazia as leituras para si.

Eram os tempos. Tudo parecia normal. Falava-se em assistir a missa, em vez de participar. A única coisa da qual o povo participava eram os cantos, a coleta e a comunhão.

Por outro lado, o respeito com que o povo participava da Missa era profundo. Os cantos eram executados por um grupo de cantores; sustentado por um harmônio, o povo acompanhava. Ouvia-se a voz do povo porque não havia microfones. O próprio sacerdote usava do púlpito, donde via toda a assembleia e esta o sacerdote, porque ficava a quase um metro de altura acima do assoalho. O povo, embora não sabendo muito bem o que acontecia no altar, voltava para sua casa reconfortado. Quanta gente se santificou com essas santas Missas.

Conta-nos Santa Teresinha do Menino Jesus, em sua autobiografia, que voltando para casa com seu pai depois de ter “assistido” a Missa, eles conversavam sobre o que disse o sacerdote no sermão. Havia as missas simples sem cantos, com cânticos, e as solenes nas grandes festas litúrgicas.

O povo acompanhava a celebração rezando o Terço e algumas pessoas, com o missal na mão, acompanhavam a tradução do latim enquanto a missa se desenvolvia. Talvez alguém possa até rir desse jeito de celebrar e participar “assistindo”. Alguns deles não sabiam ler. Notava-se, porém, que o povo voltava reconfortado para sua casa, sentindo o bem-estar que lhe causou a celebração. A sua fé era sincera na hospitalidade e na caridade.

E hoje, como é a celebração eucarística? Como o povo participa dela? Antes não entendiam nada porque a missa era em latim. Hoje é em nossa língua, mas parece que não entendem nada. Não se vê mudança para melhor, não se vê progresso. Como o povo participa dela? Escrevo como a vejo:

O povo vai chegando e parece que não reza mais. Alguns poucos vão até a Capela do Santíssimo, mas a maioria fica nos bancos esperando simplesmente a cerimônia começar. Outros chegam atrasados. Começa um murmúrio, murmúrio de conversas que nada tem a ver com a celebração, murmúrio que, às vezes, vai aumentando a ponto de se pensar que as pessoas vieram sim, assistir, e algumas delas a participar de uma representação teatral da última ceia, na qual são atores o sacerdote, os ministros, os coroinhas, comentaristas, leitores, cantores, instrumentistas e o povo também. Lembremos, a missa não é mais em latim.

Começa o canto de entrada com os músicos e seu dirigente, que procuram animar o povo a cantar, bater palmas e, em alguns lugares, até rebolar. Cantores com o microfone em punho encobrem a voz do povo que canta. Os leitores se esforçam por fazer bem as leituras, os ministros e coroinhas desempenham bem a sua função.

Chega a hora da Comunhão e praticamente todos vão recebê-la. Sabe-se que, para receber a Sagrada Comunhão, um dos requisitos é estar em estado de graça, isto é, sem pecados graves, aliás, o primeiro requisito. Percebe-se que certas pessoas recebem em sua mão o Pão Eucarístico com displicência, indiferença, como se a Comunhão não fosse outra coisa que receber a hóstia.

Talvez haja quem entenda o ato penitencial como pedido de perdão dos pecados e concessão total do perdão, porque o celebrante diz textualmente: “Deus todo-poderoso tenha compaixão de nós, perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna”. O pedido de perdão no ato penitencial é para aqueles pecados leves que diariamente cometemos mais por fraqueza do que conscientemente deliberados.

No fim da missa é aquele falatório na igreja e na sacristia: grupos de pessoas conversando alto e, às vezes, mais do que isso. Acabou a função, acabou o teatro, tecem-se elogios para os que desempenharam bem o seu papel: os cantos estavam bonitos, os instrumentos afinados, os coroinhas eram uma graça, a igreja estava bem enfeitada. Parabéns a todos os artistas. Os que comungaram, embora levem em si ainda a Presença Eucarística, ela é simplesmente esquecida, ignorada, tremenda falta de educação. Quase todos voltam para suas casas assim como vieram: vazios.

A igreja deixou de ser casa de oração, tornou-se casa de encontro entre amigos, como se estivessem numa rua ou numa praça; o povo continua ignorante na fé que diz ter; com facilidade pode resvalar para outra religião ou seita, mais ignorante do que antes.

Na missa em latim, a celebração era de fato um mistério; o povo acompanhava em silêncio profundo tudo o que se realizava no altar. Os coroinhas substituíam o povo nas respostas às saudações e convites do celebrante: “Introibo ad altere Dei... Dominus vobiscum... orate fratres... sursum corda...”. Os cantores cantavam cantos em latim, como a Ladainha de Nossa Senhora.  Os coroinhas aprendiam de cor tudo o que deviam fazer e dizer. Os coroinhas passavam por alguns dias de aprendizado, sendo-lhe dada a tradução dos textos que aprendiam de cor.

TODOS os que comungavam faziam a confissão antes. As confissões eram sempre nos sábados à tarde. No primeiro domingo do mês, a missa era das crianças que fizeram sua primeira comunhão aos 7-8 anos; o segundo domingo era o das Filhas de Maria; o terceiro, dos Marianos; o quarto ao Apostolado da Oração e outras associações menores.

Hoje, todo mundo comunga e praticamente ninguém se confessa. Dos sete sacramentos da Igreja, dois praticamente caíram em desuso: a Confissão e o Matrimônio. A instrução dos católicos é tão falha que a maioria dos anciãos e doentes morre sem receber os sacramentos. Não se diga que a responsabilidade é dos padres, que procuram fazer a sua parte. Quem deve catequizar e evangelizar a família são os pais; quem deve ser o bom fermento na massa do mundo são os cristãos com o seu testemunho de vida. A maioria das crianças que faz a Primeira Comunhão e depois a Crisma, simplesmente desaparece da igreja e os pais não fazem muita questão.


A maioria do povo hoje é alfabetizada; se não fez o curso superior, pelo menos o fundamental. Tem, portanto, condições de ler a Bíblia e de conhecer melhor a religião. Parece que isso não acontece, a ponto de o Papa Bento XVI dizer: “A ignorância do povo cristão chegou a um grau espantoso”. Tenho saudade da Missa em latim.
______________________________

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Foi o SIM de Maria



Foi o "SIM" de Maria que desencadeou a história da Salvação.

JESUS ESTÁ ENTRE NÓS


 

Jesus está presente entre nós sob as espécies do pão e do vinho na celebração eucarística, e sob as espécies de pão consagrado conservado com amor e carinho em nossos sacrários. 

Mas Ele está presente também nos seres humanos. 

Não disse Ele: "Tudo que fizerdes ao menor dos meus irmãos, é a mim que o fazeis"? 

Portanto os outros, sejam quem forem e o que forem são também espécies sacramentais da presença neles de Jesus. 

Como no pão e no vinho consagrados, também neles vemos as aparências mais diversificadas, mas, debaixo delas está o Senhor. 

Devemos dedicar-lhes todo respeito e veneração.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

As novas conversões


          A maior parte, senão todas as pessoas que se convertem à Igreja Católica, convertem-se não pelo testemunho dos católicos, mas pelas bases sólidas da fé.







PARA TRANSFIGURAR O MUNDO, A IGREJA PRECISA DE CRISTÃO TRANSFIGURADOS.

SANTA MISSA

Palavras de dois papas preocupados com abusos na Missa


      Segundo João Paulo II, recentemente canonizado, na Encíclica "Ecclesia de Aucharistia"nº52, "A Liturgia nunca é propriedade particular de alguém, nem do celebrante, nem da comunidade onde são celebrados estes mistérios."
      O Papa manifesta tristeza por ver que há abusos de invenções locais como se a comunidade fosse dona da Missa e pudesse mudá-la a seu bel prazer.
      João Paulo II cita o apóstolo Paulo aos coríntios, que se insurgiu contra o desrespeito às celebrações já no início da Igreja, onde cada qual dava um jeito de viver a Missa à sua maneira, como se fosse sua. e lembra as palavras "skísmata" = divisões e "airéseis" = grupo separados.
      Finalmente o Papa diz com palavras vigorosas: "A ninguém é permitido aviltar este mistério que está confiado às nossas mãos; é demasiado grande para que alguém possa permitir-se de tratá-lo a seu livre arbítrio, não respeitando o seu caráter sagrado, nem a sua dimensão universal. Qualquer mudança tem que passar pelas autoridades para tal constituídas."
      
      O Santo Padre Bento XVI, por ocasião do encerramento do 50º Congresso Eucarístico Internacional da Irlanda, no dia 17 de junho de 2012, disse o seguinte:
      "A renovação das fórmulas litúrgicas externas desejada pelo Concílio Vaticano II, visava tornar mais fácil a penetração na profundidade íntima do mistério; o seu verdadeiro objetivo era levar as pessoas a um encontro pessoal com o Senhor presente na Eucaristia e, portanto, com o Deus vivo, de modo que, através deste contato com o amor de Cristo o amor mútuo dos irmãos e irmãs também pudesse crescer.
      Todavia, não raro, a renovação das formas litúrgicas manteve-se a nível exterior, e a participação ativa foi confundida com agitar-se externamente. Por isso há muito a fazer na senda duma real renovação litúrgica."

                                                           *****************

segunda-feira, 1 de junho de 2015

POR QUE A IGREJA COBRA ESPÓRTULAS E TAXAS?


- Para que as pessoas valorizem o que recebem.

- Para que a oferta, por parte da pessoa, se aproxime o mais que puder do valor do que pede e recebe.

- Um valor mínimo estabelecido ou um valor espontaneamente dado não caracteriza taxa ou cobrança por algo de grande valor, que se pede e recebe. Se o valor é dado em reconhecimento e gratidão pelo muito que se recebe, tal deveria ser o espírito do ofertante. Do contrário, a oferta se torna uma esmola da qual Deus não precisa e a Mãe Igreja não gosta de receber.


- Pedir a joia da Santa Missa para oferecê-la a Deus em ação de graças por um favor recebido e não fazer um sacrifício por isso é ingratidão manifesta, é agradecer com ingratidão. É claro que a pessoa que assim procede não o faz de caso pensado. Ou se esta joia é oferecida em favor de um familiar falecido... será que ele a aceitará sabendo que a família na terra fez pechincha ou gastou sola procurando a igreja onde a espórtula fosse livre ou mais em conta? Além do mais, as ofertas e taxas foram estabelecidas no Antigo Testamento. No Novo Testamento vigora mais o conhecimento, o reconhecimento, a gratidão.

A MISSA É UMA FESTA

Sim, a Missa é uma festa, mas não como as festas deste mundo, com muitos comes e bebes, música e dança – ela pode ter tudo isso, mas de maneira diferente. Não é a Comunidade dos filhos de Deus que faz a festa, mas é o próprio Deus que a promove e a ela convida todos os seus filhos. Nem todos aceitam.

“A quem tem sede, darei água para beber, de graça, da fonte da água da vida” (Ap 21, 6).

“Aquele que tem sede, venha, e quem quiser receber de graça da água da vida” (Ap 22, 17).

“Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Como dizem as Escrituras Sagradas: rios de água viva vão jorrar do coração de quem crê em mim” (Jo 7, 37).

“O Reino do Céu é como um rei que preparou uma festa de casamento para seu filho.”

A Missa é uma festa preparada por Deus para a Comunidade de fiéis; afinal de contas, o pão com que somos alimentados é o pão da Palavra, fornecido por Deus, e sobretudo o Pão vivo descido do céu, Jesus Cristo.

Portanto, devemos nos aproximar da Santa Missa com humildade, como convidados, porque a refeição é um banquete real. Somos indignos de participar desta festa; Deus, porém, não quer que fixemos demais a atenção em nossas fraquezas. Ele nos chama, convida, insiste para que vamos a Ele. Uma coisa só Ele pede de nós e nos dá condições para fazer:  apresentar-nos à festa com traje de gala com o qual fomos por Ele revestidos no dia do nosso Batismo, a veste nupcial da graça santificante. Se por ventura pecamos e estamos com a veste suja, manchada, antes de irmos à festa passemos pela lavanderia purificadora da confissão sacramental. Ali, toda mancha desaparece quando sobre ela cai o detergente poderoso do sangue de Jesus. Ele nos pede que nos demos ao pequeno mas humilde trabalho de comparecer com ela, a veste manchada, para que Ele a lave no sangue de seu Filho Jesus que jorra abundantemente no sacramento que Ele instituiu para tal fim. A nós Ele pede as lágrimas de um arrependimento sincero que molha as manchas, mas não tem a eficácia de removê-las. Só o sangue de Jesus tem este poder.

Quando saímos de uma boa confissão, sentimos que fomos purificados, sentimos que estamos limpos e que a branca veste está brilhando de limpa. Assim, com toda confiança e alegria, entramos na sala do banquete, a igreja, onde se celebra a Santa Missa, para dela participar.

Deus não se recusa receber nossos pobres presentes que colocamos junto com o grande presente que Ele coloca em nossas mãos para lhe ofertar, Jesus. Assim, tudo o que somos e temos e que também de Deus recebemos, tudo o que nos faz sofrer, nossas dores, tristezas, mas também o que nos faz exultar e alegrar, as obras de misericórdia em favor de nossos semelhantes, adquirem algum valor e o Senhor as valoriza ao máximo. Tudo isso, com Jesus, pode ser oferecido ao Pai, de modo que podemos comparecer ao banquete levando algo como presente nosso. É a nossa colaboração para a festa, simbolizada na oferta material que fazemos.

* * * * *

TUDO NA MISSA deve convergir para o altar e para o que nele se realiza, e para quem nele se faz presente. De maneira particular, os cantos têm esse condão. Quem toca um instrumento e quem convida a comunidade presente a cantar, não pode esquecer disso. Devem fazer todo o possível para que o povo, com o seu canto, aproxime-se de Deus. Quando o canto for um solo, como por exemplo, o salmo, deve ser de tal modo executado que eleve os espíritos, aproximando de Deus as pessoas.

Ninguém deve ter a pretensão ou a ousadia de chamar atenção para si mesmo: nem os cantores, nem os leitores e muito menos o sacerdote celebrante. Todos devem seguir o ditado expresso por S. João Batista: “É preciso que ele – Jesus- cresça, e eu diminua.” (Jo 3, 30) Que Ele cresça e que eu desapareça.

A festa, a refeição –banquete tem sobre a mesa iguarias – sinais aparentemente muito simples, quais sejam, a Palavra de Deus lida com perfeição e ouvida com muita atenção, o pão e o vinho transubstanciados no Corpo do Senhor, seu sangue, alma e divindade, numa palavra: a Sua Pessoa.

Uma Missa assim celebrada e participada muda a vida das pessoas e da comunidade por consequência. Não podemos nos aproximar da mesa sagrada como se nada devêssemos. É verdade, humilhamo-nos no ato penitencial, e no “Senhor eu não sou digno”, tomando depois as atitudes de santos com todos os direitos.

“Ó sacrum coinvivium in quo Christus súmitur, meus impletur gratia et futuras gloriae nobis pignus datur” (Ó sagrado banquete no qual se recebe o Cristo, a mente enche-se de graça e nos é dado o penhor da glória futura”).

Minimas e Máximas [I]

O FUTURO DA CIVILIZAÇÃO depende da resposta católica aos valores da família. Só as famílias católicas que estejam dispostas a aceitar todos os desafios poderão sobreviver como católicas ao longo do terceiro milênio.  Famílias medíocres afastar-se-ão da verdadeira fé e morrerão. Apenas famílias heroicas e evangelizadoras sobreviverão. (Pe. Robert Fox, Pároco nos Estados Unidos, autor de 30 livros de expressão pastoral).                                        

NUMA DEMOCRACIA não deveria existir greve pelo simples fato de ser democracia. Se alguma greve pudesse existir seria a dos governantes, porque são eles os trabalhadores contratados pelo povo. O povo é o patrão. Se um governante não estivesse trabalhando de maneira satisfatória, deveria se despedido. O patrão não deve fazer greve (patrão que, no caso, é o povo) pelo fato de o trabalhador trabalhar mal.

O MUNDO QUE SE DIZ CIVILIZADO, de civilizado tem muito pouco. Na verdade, é mais um mundo incivilizado atualmente, porque é o mundo do “homo hominis lúpus” ou do salve-se quem puder, ou do quem pode mais chora menos. Se Tomas Hobbes, o filósofo (1588 -1679) que dizia isto dos homens do seu tempo, com maior razão diria dos homens do nosso tempo. O mundo verdadeiramente civilizado é o mundo dos santos, também dos santos eremitas do deserto.

O REINO DOS CÉUS É UM TESOURO DE GRANDE VALOR pelo qual quase ninguém se interessa, como se Deus fosse um falsário. Se alguém reconhece o seu valor e quer ser dono desse tesouro, consagra o mais que pode do seu tempo para estar com Deus em oração meditativa e contemplativa; tendo tempo, participa da Santa Missa também durante a semana; e se dispõe a servir o próximo, sobretudo os pequeninos, pobres e doentes.

SANTA MISSA, Sacrifício de Jesus, memorial da sua paixão. Se há alguma razão para se alegrar é alegrar-se chorando.

DIZIA SANTA TEREZA que esta vida é como uma noite mal dormida numa pensão mal assombrada.

TUDO O QUE HÁ NO MUNDO, as paixões da natureza, a concupiscência dos olhos e a ostentação da riqueza, não vem de Deus, mas do mundo. Ora, o mundo passa, e também a sua concupiscência, mas aquele que faz a vontade de Deus, permanece para sempre. “(Jo 2, 16-17)


Mínimas e Máximas

VOCÊS JULGAM AS COISAS PELA APARÊNCIA
Se uma pessoa tem  certeza de pertencer a Cristo, deve pensar de novo a respeito disso, pois nós também pertencemos a Cristo tanto quanto essa pessoa (2Cor 10, 7).
RESPEITO AOS PAIS
Quem teme o Senhor honra seus pais.  O prolongamento da vida dos filhos depende da submissão amorosa e obediência aos pais. Honrar e respeitar os pais, socorrê-los em suas necessidades, compadecer-se deles e ajudá-los  na velhice, ter piedade para com eles é dever dos filhos e cumprimento da vontade de Deus.
FAZER A PÁSCOA é passar da morte do pecado para a vida em Deus, o que é mais do que passar da escravidão para a liberdade, como foi a Páscoa antiga. Jesus foi o primeiro a fazer a nova Páscoa. A segunda pessoa foi a mãe de Jesus, Maria, que foi assunta ao céu em corpo e alma.
MAOMÉ FUNDOU UMA NOVA RELIGIÃO porque para ele o judaísmo e o cristianismo fracassaram. Os protestantes fizeram o mesmo, dizendo que a Igreja Católica se perdeu no caminho. Por que existem filosofias orientais que pretendem ser religião? Porque olhando as aparências, o Cristianismo está desacreditado.
PODE-SE HOJE AVALIAR A EDUCAÇÃO NO BRASIL pela maneira como se comportaram o candidato e a candidata nos debates eleitorais pela televisão: o mau exemplo que deram com falta de respeito de um pelo outro, confessando cada qual, em público, os pecados, os erros um do outro. Má educação extrema.
"QUANDO TRABALHAMOS, deixamos uma parte de nós mesmos naquilo que produzimos” (Francisco Borba).

FAMÍLIA, PEQUENA IGREJA


O Concílio Vaticano II chama a família de “pequena igreja”. Igreja significa: pessoas que se reúnem ao chamado de Deus para orar, para ouvir a Palavra, entendê-la, meditá-la, conformar a vida com ela, agradecer, pedir.
Para ser pequena igreja, a família, isto é, o pai, a mãe e os filhos e eventualmente outras pessoas devem reunir-se freqüentemente com Deus, todos os dias até.
A pequena igreja que é a família relaciona-se necessariamente com a Igreja maior que é a comunidade paroquial, que é constituída por todas as pequenas igrejas que são as famílias. 
A perseverança das famílias como pequenas igrejas depende da sua união com a Igreja maior que é a casa de Deus e casa comum de todos os filhos e filhas de Deus.
Nenhuma família pode ser igreja sozinha. Ninguém pode ser igreja sozinho, porque igreja é termo coletivo. Não se pode chamar de colmeia uma abelha, assim como um rebanho não é constituído por uma só ovelha.
O desejo de Jesus é que haja um só rebanho conduzido por um só pastor, que é ele mesmo, ajudado por muitos outros que, em comunhão, conduzem o rebanho para boas pastagens e águas tranquilas.

ALMAS DOS JUSTOS, bendizei o Senhor (Daniel 3,86)

Vivemos um cristianismo diluído, um cristianismo que não tem mais a força do fermento, um cristianismo que se adapta facilmente às idéias do mundo pelo qual Jesus não rezou. Isto faz que  cristãos leigos ou padres não tenham fibra cristã, e se tornem facilmente adaptáveis às condições do mundo. O sacramento da confissão não é mais o canal da graça do perdão; hoje, indiscriminadamente, "todo mundo" vai receber a Sagrada Comunhão. O pecado não existe.  Hoje, todos devem ser acolhidos sem alguma exigência, enquanto o mundo faz as suas.

O dia mais importante da história do mundo foi a morte de Jesus na Cruz. Depois, o "sim" de Maria. Abriu-se para todos o caminho da salvação. Mas a vinda do Filho de Deus ao mundo dependeu do "sim" de Maria. Foi Jesus quem nos salvou, mas foi Maria quem abriu a porta para a vinda do Salvador. 

Algo de errado em tudo isso? Deus sempre quis contar com a colaboração de pessoas na realização de seus maiores planos. Deus quer parceiros. Ele quer dividir a alegria das maravilhas que realiza, embora seja sempre ele o autor principal, e não podia ser de outra forma. Se uma pessoa se coloca à disposição de Deus como serva, ela realiza maravilhas que superam as possibilidades humanas.

A  Deus nada é impossível. Pode uma simples mulher, jovem mulher ser Mãe de Deus? Pode o Filho de Deus, em tudo semelhante ao Pai, se tornar um ser humano? Posso dizer que Jesus é o meu Rei? Pelo modo como eu trato este Rei ou pelo modo como me comporto em minha vida, este Rei pode ser:

- Um Rei a quem não dou atenção e valor.
- Um Rei que facilmente substituo por outros.
- Um Rei que menosprezo e, quem sabe, até desprezo.
- Um Rei ridicularizado.
- Um Rei do qual me envergonho.
- Um Rei por cuja defesa não combato.
- Um Rei desconhecido porque não me interesso em conhecê-lo.
- Um Rei condenado, diante do qual me calo.
- Um Rei sem exército, porque seus soldados não têm tempo.
- Um Rei da boca pra fora.
- Um Rei a quem me recuso a servir.
- Um Rei que não ocupa o primeiro lugar em minha vida.

- Um Rei...

UM CAMINHO PARA A PASTORAL DA ACOLHIDA



            Todo mundo sabe o que significa “acolher”: receber com atenção uma ou mais pessoas, atender, ter em consideração, recepcionar.
            Onde começa o acolhimento? – Com a própria pessoa. Cada pessoa precisa acolher-se, isto é, aceitar-se como é. Para tanto, precisa conhecer-se. Conhecer seu gênio, seu caráter, seu temperamento, seus talentos, suas virtudes, enfim, suas qualidades físicas, morais, artísticas, de inteligência, de vontade, seus sentimentos, suas reações, suas potencialidades, e também suas falhas e defeitos, umas para desenvolver e praticar, outras para corrigir ou extirpar.
            Compete aos pais e educadores descobrir na criança, no menino e na menina as suas qualidades e seus defeitos e, de maneira adequada, torná-los conscientes dos valores que possuem, a maneia certa de usá-los para o seu aperfeiçoamento. A pessoa se realiza usando seus carismas em favor dos outros, valores inesgotáveis que possui. Só o egoísmo faz a fonte secar. É no amor ao próximo e no serviço a ele que a pessoa se realiza.
            Portanto, antes de ser acolhida pelos outros (aliás, ela já foi acolhida ao nascer e espera-se que tenha sido bem acolhida), a pessoa precisa acolher-SE. Este acolhimento facilitará os outros que virão ao longo de sua vida.
            O primeiro acolhimento interpessoal se dá na família. Marido e mulher, pais e filhos devem acolher-se para constituírem uma família feliz. A família é a primeira escola para os filhos e mais uma escola para os pais. Não apenas os filhos aprendem dos pais, como os pais aprendem dos filhos. Uns e outros precisam aprender a ouvir, a corrigir e serem corrigidos.
            Um lar pode ser simples, mas sempre deve ser acolhedor e são os familiares que o fazem assim e assim devem mantê-lo para que todos se sintam bem.
            Depois vem o acolhimento entre os vizinhos. Uma saudação, um sorriso, um aceno de mão são o suficiente para um acolhimento inicial. Depois uma palavra, uma ajuda, um convite no momento oportuno. Mesmo se não houver correspondência, aquele mínimo de acolhida deve persistir. “Acolhei-vos uns aos outros como Cristo vos escolheu” (Rom. 15,7). O Acolhimento faz parte da vida do verdadeiro cristão.
            Como seria bom que houvesse alguém, pelo menos duas pessoas que aumentassem o círculo da acolhida, fazendo-a passar dos vizinhos para as familias da quadra inteira. Todos, em determinados momentos, precisamos uns dos outros. É bom que haja essa amizade discreta entre todos, com os olhos abertos para ver quando alguém precisa de uma ajuda.
            Isto feito, não haverá dificuldade de todos sentirem-se bem na Igreja, quando em domingos e outros dias festivos se reunirem. Não haverá necessidade de muitas mesuras, porque ali todos se sentirão irmãos, membros da grande família de Deus, onde todos rezam: Pai nosso que estais no céu... e aqui entre nós também.
            Para que a boa acolhida aconteça em todas as instâncias é necessário banir as fofocas e os juízos temerários e fazer uso da correção fraterna individual da qual todos precisamos, porque ninguém é perfeito, correção feita com toda caridade e humildade. “Não façais nada com espírito de rivalidade ou de vanglória; ao contrário, cada um considere com humildade os outros superiores a si mesmo, não visando ao próprio interesse, mas ao dos outros” (Filip. 2,3).
            “Caríssimo, pratica obras de fé em tudo o que realizas para teus irmãos” (3Jo.8).

            O valor de uma pessoa consiste em ela ser um ser humano, independentemente da raça, cor, religião, cultura, qualidades ou vícios que possa ter.